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Registro de autoridade
Família Braghirolli
BR RS AHMJSA AP-BRA · Família · [Entre 1890 e 1900] a [Meados da década de 1980]

Rodolfo Ermenegildo Secondo Braghirolli, filho de Carlos Braghirolli e Lucia Braghirolli, nasceu em San Benedetto Po, província de Mantova (Mântua), Itália em 15 de abril de 1860, sendo batizado na Igreja Paroquial de “S. Siro vescovo”, na localidade de San Siro, município de San Benedetto Po. Em 1869, ainda menino de nove anos, mas já alfabetizado com diploma de distinção, Rodolfo chegava a Caxias com seu pai Carlos Braghirolli, que aqui chegando e encontrando só mato, ele, um intelectual, enfrentou um grande desespero por não encontrar o conforto necessário nem recursos básicos para instalar sua família. O pequeno imigrante Rodolfo foi crescendo na “Freguesia de Santa Teresa” e ajudou a construir Caxias. Muito jovem, dedicou-se à profissão de alfaiate, ensinando-a a outros jovens e paralelamente os alfabetizando espontaneamente. Pelos anos de 1880, fez curso de aperfeiçoamento em alfaiataria em Turim-Itália, na Academia de Victorio Raffignone, seu professor. Foi um dos primeiros imigrantes italianos a se naturalizar brasileiro. De profissão industrialista, estabelecido com oficina de alfaiate e confecção de roupas feitas, foi premiado com Diploma de Menção Honrosa na Exposição Estadual do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, em 1901. Teve seu trabalho reconhecido no âmbito internacional, quando da sua premiação na exposição de Turim, no ano de 1911, ocasião em que exibiu seus trabalhos de corte. Foi pioneiro no ramo da alfaiataria e da construção civil nos primórdios da cidade. Em 1915, foi eleito presidente da associação denominada União Geral dos Alfaiates. Casou-se com Josefina Rosina Braghirolli em 14 de fevereiro de 1885, em Caxias (RS), na Igreja de Santa Teresa. Do matrimônio nasceram 12 filhos, sendo que os cinco primeiros (Luiza, Higinia, João, Rômulo e Dina) faleceram muito cedo; os outros são: Hygina, Sylvia, Aldo, Dyna, Lyna, Yolanda, e Branca (falecida com 14 anos de idade). Em 1887, foi um dos fundadores da então Sociedade Italiana de Mútuo Socorro Príncipe de Nápoles, mais tarde Sociedade Caxiense de Mútuo Socorro, sendo em sucessivas diretorias, vice-presidente, secretário, 1o secretário do Conselho Diretivo e conselheiro. Em 14 de setembro de 1897 foi nomeado para o cargo de 1o Suplente do Juiz Distrital da sede do município de Caxias pelo então Presidente do Estado, Júlio Prates de Castilhos, para o mandato de quatro anos. Em 1o de fevereiro de 1898, a Inspetoria Escolar da 3a Região, com sede em Montenegro, que tinha jurisdição sobre a Vila de Santa Teresa e como inspetor Lucio Brasileiro Cidade, nomeia através deste, Rodolfo Braghirolli como membro do Conselho Distrital do distrito escolar de Caxias. Em 08 de julho de 1901 participa da fundação da Associação dos Comerciantes de Caxias e na Assembleia Geral de fundação da entidade foi eleito membro do Conselho Fiscal, juntamente com Rodolfo Felix Laner e Ludovico Sartori, sendo-lhe conferido o título de Sócio Honorário nos quarenta anos da fundação, quando era presidente, Ottoni Minghelli.

Em setembro de 1906, por proposta de Arthur de Lavra Pinto, Rodolfo Braghirolli foi unanimemente aceito como sócio contribuinte do Grêmio Literário Caxiense. Rodolfo Braghirolli estava também entre os que, em 1908, fundaram a Associação “União Conductora”, que tinha por fim manter um carro fúnebre para a condução dos mortos, sem distinção de posição e nacionalidade. Em 30 de junho de 1910 lhe foi conferido o título de sócio remido da referida associação, sendo na ocasião o presidente, Miguel Muratore. Também em 1910, Rodolfo Braghirolli foi um dos oradores oficiais na inauguração da Estação Férrea, um avanço que pleiteava junto ao governo estadual desde de 1897. Fez parte do primeiro grupo de representantes do teatro amador em Caxias. Foi membro da Sociedade Filodramática, representando-a juntamente com Pedro Stangherlin, Antonio Piccoli, Angelo Manfro, Nicolau Salermo e Luiz Curtolo. Foi um dos sócios-fundadores do Clube Juvenil, tendo feito, em 1909, um empréstimo de 10 mil réis, ação assinada pelo presidente da agremiação Hermenegildo Buratto e pelo tesoureiro Victorio Rossi. Em 25 de agosto de 1927 adquire o antigo Cine Theatro Apollo e inicia sua reconstrução após o incêndio ocorrido em 28 de maio de 1927, sendo o mesmo reformado em 1952, quando passa a se denominar Cine Teatro Ópera, sob direção de Júlio Ribeiro Mendes. Foi membro do Conselho Municipal (atual Câmara de Vereadores), na época de Tancredo Feijó. Em 1954, seu nome foi um dos escolhidos pelo prefeito municipal Major Euclides Triches, para denominar uma das ruas da cidade. Rodolfo Braghirolli faleceu em Caxias (RS) a 11 de fevereiro de 1942, com 82 anos de idade. Seu atestado de óbito foi firmado pelo Dr. Luiz Faccioli, que deu como causa da sua morte, a febre urinosa.

Josefina Rosina Braghirolli, filha de Candido Rosina e Margarida Basanella Rosina, nasceu na localidade denominada Alba de Rovereto, província de Trento, do então Reino da Áustria-Hungria, mais tarde Reino da Itália, em 1o de setembro de 1867. Seu pai Candido era oficial de marceneiro e considerado na Itália um grande artista. Dona Bepa, como carinhosamente a chamavam, chegou com seus pais ao Brasil, em São Sebastião do Caí em 1o de janeiro de 1877, após ter desembarcado no Rio de Janeiro de uma viagem de quarenta dias de navio. Casou-se com Rodolfo Braghirolli em 14 de fevereiro de 1885, tendo doze filhos ao total, dos quais cinco morreram precocemente e uma ainda adolescente. Com vários filhos para cuidar, Josefina trabalhava ainda na alfaiataria ao lado do marido e prestava assistência aos clientes e amigos que vinham de Vacaria e se hospedavam num barracão aos fundos da residência da família, situada na avenida Júlio de Castilhos. Josefina Braghirolli exerceu seu direito ao voto nas eleições para presidência da República em 1945, aos 78 anos de idade e para prefeito de Caxias do Sul em 1951, com 84 anos de idade, ambas ocasiões registradas nos jornais Diário do Nordeste e O Pioneiro, respectivamente. Em 27 de agosto de 1976, Mário Gardelin enquanto Vereador pela Arena, indicou seu nome para denominação de rua (Indicação 346/76). Josefina Braghirolli faleceu em 02 de maio de 1961. Conforme certidão de óbito, as causas de sua morte foram insuficiência hepática, uremia e diabetes.

Família Bornheim
BR RS AHMJSA AP-BOR · Família · 06/05/1879 a Maio/2017

Hermann Bornheim (Bremen, Alemanha; 08/01/1882 a 23/10/1958, filho de Heinrich Engelbert Bornheim e Auguste Gädeke), operário, e sua esposa Ida Marie Minna Kruse, (Lauenburgo, Alemanha; 05/01/1880 a [indeterminado]), filha de Wilhelm Martin Eduard Kruse e Sophie Catharine Marie Frank, casados a 25/03/1905, migraram junto de seus dois filhos, Helmut Engelbert (Bremen, Alemanha; 07/10/1905 a 23/02/1980) e Agnes (23/07/1907), da cidade portuária de Bremen – Alemanha, situada ao norte do país, para o Brasil (chegada em 21/09/1921). Por um curto espaço de tempo, a família Bornheim permaneceu em Minas Gerais, onde Agnes contraiu febre amarela. Procurando um lugar melhor para se estabelecerem e sabendo que o clima ao sul do Brasil era mais semelhante ao de seu país natal, Hermann seguiu para o Rio Grande do Sul e, ao conhecer melhor as condições de moradia, trouxe o restante de sua família para radicar-se em Caxias – RS. Foi sócio proprietário da empresa Matte & Bornheim, que comercializava produtos elétricos, instalada abaixo da residência de Fioravante Zatti, à rua Júlio de Castilhos, próximo ao Banco da Província e defronte à Agência Ford da cidade. Entre 1937 e 1938, a razão social da firma foi alterada para “Eletricidade e Bazar Bornheim”, quando mudou o ramo de atuação (produtos elétricos, bazar e utilidades para o lar) e sua sede para o piso inferior da residência da família Scotti, defronte à praça Dante Alighieri, na esquina das ruas Júlio de Castilhos e Marquês do Herval. Na metade da década de 1950, a loja passou para a razão social “Gruber & Bornheim Ltda.”. Germano, como Hermann era conhecido na cidade, era, ainda, grão mestre do núcleo maçônico da cidade.

Helmut Bornheim, primogênito de Hermann e Marie, começou a trabalhar na unidade da Companhia Rio Grandense de Usinas Elétricas em Bento Gonçalves – RS em 26/07/1925, lotado no cargo de Eletricista Especializado; encaminhou pedido de exoneração em 31/10/1927 e foi readmitido em 01/02/1928. A 15/06/1953, tornou-se Diretor dos Serviços Industriais da Comissão Estadual de Energia Elétrica, na Sub-residência de Caxias do Sul – RS, designado como Encarregado dos Serviços Técnicos. Em visita à família, Helmut conheceu Amélia Cecília Brentano, amiga de sua irmã que estudava no Colégio Americano de Porto Alegre – RS. Ela estava em período de férias na cidade quando acompanhou Agnes à estação férrea para recebê-lo; foi amor à primeira vista. Cecília não chegou a formar-se pois largou os estudos para casar-se com Helmut, em 29/12/1928. Da união, nasceram seus três filhos: Gerd Alberto, Irmgard Cecília e Amália Marie Gerda Bornheim. Helmut foi um dos fundadores da SORSUL – Sociedade Representantes Comerciais do Nordeste do Rio Grande do Sul.

Agnes Bornheim era casada com Pedro Kerber, engenheiro elétrico francês radicado em Caxias – RS, com quem teve dois filhos legítimos, Pedro Paulo (nascido em Março de 1934) e Leo Carlos, e uma filha adotiva, Melita Witt. Kerber foi engenheiro chefe da usina elétrica da Companhia Rio Grandense de Usinas Elétricas instalada em Caxias, além de membro do Conselho Consultivo do núcleo caxiense da Liga de Defesa Nacional e do Conselho Fiscal do Aeroclube de Caxias do Sul. Auxiliou, ainda, na concepção dos desenhos de cachos de uvas feitos em pedras portuguesas e do novo traçado da praça Dante Alighieri, durante a administração de Dante Marcucci. Após o falecimento de Pedro Kerber, Agnes casou-se novamente com Evaldo Horbach, transferindo residência para Gramado – RS.

GERD ALBERTO BORHEIM
Gerd Alberto Bornheim, nasceu em 19/11/1929, em Caxias – RS, e faleceu em 05/09/2002, na cidade do Rio de Janeiro – RJ. Estudou no Ginásio Municipal Nossa Senhora do Carmo e, após sua formatura, decidiu que ia ingressar na Faculdade de Medicina; foi quando mudou-se para Porto Alegre – RS, em 1945. Constatando que era um curso caro, iniciou os estudos em Comércio, seguindo os passos de seus familiares. Começou a trabalhar na Sidney Ross Company e deu-se conta de que aquilo não era o que queria para sua vida e, mesmo com uma promoção irrecusável oferecida pela empresa, a Filosofia passou a ser sua aspiração. Junto ao serviço militar no CPOR – Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, iniciou seus estudos em Filosofia na PUC – Pontifícia Universidade Católica, onde formou-se em 1951; sua formação tomista proporcionou-lhe familiaridade com os clássicos e o aprendizado de latim e grego. Como bolsista do governo francês, por meio da Alliance Française, chegou a Paris em 1953, para contato com o pensamento filosófico contemporâneo. Nos cursos de Jean Hyppolite e Jean Wahl, conheceu a obra de Martin Heidegger. Conviveu com intelectuais consagrados como Merleau-Ponty, Piaget e Bachelard. No ano seguinte, transferiu-se para Oxford, na Inglaterra, para cursar Filosofia Política e Literatura Inglesa Contemporânea e, em 1955, frequentou aulas de arte e cultura gótica na Universidade de Freiburg im Breisgaus, na Alemanha. Retornou ao Brasil, em 1955, para lecionar Filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Cristo Rei, de São Leopoldo – RS, e na UFRGS – Universidade do Rio Grande do Sul, na matéria de Filosofia Alemã. Um ano depois, passa a integrar o corpo docente da PUC como professor de História da Filosofia. Publicou artigos em suplementos literários de periódicos da imprensa, produção que, por vezes, serviu de matéria-prima para seus futuros ensaios. Com a criação e efetivação do Curso de Estudos Teatrais da Faculdade de Filosofia da UFRGS, em dezembro de 1957, pelo reitor Elyseu Paglioli, é convidado junto ao diretor e teórico italiano Ruggero Jacobbi para assumir a direção e ministrar as disciplinas de Teoria e História do Teatro e Direção Teatral. Jacobbi desdobra o Curso de Estudos Teatrais em dois setores: o Curso de Cultura Teatral, destinado a professores, intelectuais, estudantes e pessoas interessadas em conhecer e analisar os problemas do teatro, e o Curso de Arte Dramática, destinado exclusivamente à formação de atores. Ruggero Jacobbi regressa a Roma, em 1960, e Gerd Bornheim assume a direção da escola até 1969, sendo responsável inicialmente pelas aulas de Teorias do Ator: estética e poética da encenação e, mais tarde, por História e Estética do Teatro.

Com a instauração do Regime Militar no Brasil, foi cassado em novembro de 1969, mas não porque tivesse algum envolvimento com organizações políticas clandestinas, mas por influenciar com suas ideias os jovens universitários que participavam da resistência à ditadura militar. Na onda de repressão que se seguiu o Golpe de 1964 e se agrava no fim de 1968 com o AI-5 – Ato Institucional Número Cinco, acabou impedido de trabalhar como professor. Passou dois anos dando aulas em um curso pré-vestibular e todos os meses era chamado para depor na Polícia Federal. Em 1972, aceitou o convite para dar aulas no Instituto de Filosofia da Universidade de Frankfurt – Alemanha, onde lecionou durante um semestre letivo. Posteriormente, vai para Paris e lá mora por quatro anos; para sobreviver, deu aulas de alemão e cuidou da organização da galeria de arte Jean Charles Lignel, no Boulevard Saint-Germain. Retornou ao Brasil em 1976 e, após três anos, a anistia lhe permitiu retomar as atividades no magistério superior. Em 1979, é convidado a lecionar Filosofia na UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, na qual permaneceu de 1979 a 1991, aposentando-se por tempo de serviço, quando começou a lecionar na UERJ – Universidade do Rio de Janeiro.

Gerd Bornheim, um dos principais filósofos brasileiros, faleceu em 05/09/2002, aos 72 anos, em sua casa no bairro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro – RJ, em consequência de um tumor no cérebro. Seu corpo foi cremado na Capela E do Cemitério São Francisco Xavier (Caju). Era solteiro e deixou um filho adotivo, Romildo, e um neto, Anderson, de três anos de idade. Considerado um dos principais filósofos brasileiros, Gerd realizou importantes trabalhos sobre teatro e reflexão estética, que se tornam referência fundamental para a apreensão e compreensão de diversos aspectos da área teatral, entre eles, o sentido do trágico, a estética brechtiana e o teatro contemporâneo. Como escritor, destacou-se pela densidade e clareza de sua análise crítica e, como conferencista, atraiu plateias numerosas por sua competência filosófica e capacidade de comunicação. Dedicou especial atenção a Bertolt Brecht e seu impacto no teatro do século XX no livro “Brecht: A Estética do Teatro”, publicado em 1992, onde analisa o estético, o social e o especificamente teatral na obra de Brecht, em uma inédita perspectiva de abordagem. Um de seus últimos livros, “Páginas de Filosofia da Arte”, publicado em 1998, reúne ensaios - que de acordo com a nota introdutória "nasceram de certa dispersão, ou da diversidade de interesses do autor" - escritos a partir de 1986 para jornais, revistas e obras coletivas. Os trabalhos relacionados ao teatro discorrem sobre variados temas: Shakespeare, teatro besteirol, teatro experimental, Gerald Thomas e Brecht.

IRMGARD CECÍLIA BORNHEIM
Irmgard Cecília Bornheim, nasceu em Caxias – RS a 22/10/1930 e faleceu em Caxias do Sul – RS a 23/07/2013. Era carinhosamente chamada de “Eme” por seus familiares e amigos. Estudou na Escola Complementar e completou o ginasial no Colégio São Carlos, formando-se em Dezembro de 1948 e na Escola de Comércio dessa mesma instituição em 09/12/1951. Teve sua vida dedicada à cultura e à educação. Antes de formar-se em História, trabalhou como professora nos colégios São José e Santa Catarina, bem como auxiliou no atendimento aos alunos do Ginásio Noturno para Trabalhadores. Formou-se professora em 1964 e foi nomeada para trabalhar em Vacaria – RS. A partir de 1965, começou a lecionar no Colégio Estadual Cristóvão de Mendoza, onde de 1969 a 1972 foi assistente de Romano Lunardi, então diretor, e do qual atuou como diretora, junto a Nilton Scotti, no ano de 1973. Foi professora da UCS – Universidade de Caxias do Sul, no departamento de Filosofia, Pedagogia e História, desde 1965.

Em 1974, foi cedida pela Secretaria Estadual de Educação para a Secretaria de Ensino como assessora do Secretário da UCS e, entre 1976 e 1985, atuou como diretora do Centro de Humanidades e Artes da UCS, órgão que congregava quatro departamentos: de Artes, Letras, História e Geografia e Filosofia, Psicologia e Sociologia. Também foi coordenadora das promoções culturais alusivas aos 10º aniversário da instituição. Junto ao cargo, ainda acumulou as atribuições de supervisão, delegada pela Coordenadoria de Extensão e Relações Universitárias como o “Atelier Livre”, Curso Fundamental de Educação Artística e o Coral. Em 1977, Irmgard foi reconhecida como “Personalidade/77 em Promoção Cultural” pela Rádio Princesa. Em 1984, recebeu a “Medalha do Mérito Universitário e, em Dezembro de 2003, recebeu a distinção acadêmica de Professora Emérita, ambas homenagens prestadas pela UCS. Em 30/04/2010, recebeu a medalha “Homenagem à Docência Acadêmica” por parte da ADUCS – Associação dos Docentes da Universidade de Caxias do Sul.
Em 11/05/2009, a Medalha Monumento Nacional ao Imigrante da Prefeitura de Caxias do Sul.

AMÁLIA MARIE GERDA BORHEIM
Amália Marie Gerda Bornheim, nascida em 25/08/1933, em Caxias – RS, e falecida em 20/09/2017, em Caxias do Sul – RS, vítima de uma infecção intestinal. Recebera o nome de “Amália” em homenagem à sua avó paterna, que era também sua madrinha, e “Marie” à sua avó materna, e era chamada somente de “Gerda” por seus amigos e familiares. Estudou na Escola Normal Duque de Caxias e ali formou-se professora, em 1952. Em 1956, iniciou o curso de Belas Artes na Escola Municipal de Belas Artes de Caxias do Sul, porém, sem concluí-lo. Posteriormente, foi nomeada para lecionar no interior como professora primária, permanecendo por mais tempo em Jaquirana, à época 5º Distrito de São Francisco de Paula – RS, e em Flores da Cunha – RS.

Por meio da Delegacia de Educação, foi convidada a fazer um curso técnico de Direção de Escolas Primárias e Supervisão Escolar, no Instituto General Flores da Cunha, em Porto Alegre – RS, como bolsista. Chegou a retornar para Caxias do Sul para assumir o cargo de Supervisora da 4ª Delegacia de Educação, porém, voltou à capital para trabalhar em sala de aula, onde morou com seu irmão, Gerd, e permaneceu por 15 anos. Em em virtude da doença de seus pais, precisou voltar à sua cidade natal para auxiliá-los; foi quando começou a trabalhar no colégio Maguary e, posteriormente, no Grupo Escolar Presidente Vargas, onde foi vice diretora (a partir de 1977) e aposentou-se.

Foi sócia e membro do conselho da Seção de Caxias do Sul da UBT – União Brasileira dos Trovadores, a partir de 1996, e sócia trovadora do Clube da Simpatia em Olhão – Portugal, a partir de 2000. Desde o primário, Gerda teve o hábito de escrever, mas nunca havia levado essa vocação a sério; com a aposentadoria, a paixão por escrever aflorou novamente em sua vida e passou criar trovas, haicai, poesias, verso livre e sonetos, publicados em periódicos de São Paulo – SP e Caxias do Sul. Suas trovas integram inúmeras publicações do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. Gerda foi premiada em diversos concursos municipais, estaduais, nacionais e internacionais no período de 1996 a 2004, além de ter recebido diversas menções honrosas e especiais, entre elas, a Láurea Lítero-Cultural Nacional Dona Iraídes Amélia do Prato, pela criação dos poemas “Borboleta I”, “Borboleta II” e “A Palavra”, por meio da Casa do Poeta Brasileiro de Goiânia – GO, em 2003.

Os irmãos Bornheim participaram ativamente na criação do Atelier de Teatro da Aliança Francesa, em 1959, idealizado por Nilton Scotti, após retornar de Porto Alegre – RS, já formado em Arquitetura, onde integrou o Teatro Universitário. O objetivo era mudar a história do teatro caxiense; os textos das peças eram encenados pela trupe formada por nomes como Rose Scotti, Ely Andreazza, Lorita Sanvitto Andreazza, Darwin Gazzana, Zilá Dankwardt de Azevedo, David e Gloria Andreazza, Corina Wainstein, Hermínio Bassanesi, Ítala Nandi, Ênio Bernardi, Nilo Andreolla, Bruno Segalla e Mauro De Blanco.

Família Argenta
BR.RS.AHMJSA.AP.ARG · Família · 1889 a atual

Vicente Argenta, filho de Giácomo Argenta e Domenica Rento, migrou para o Brasil e desembarcou em Porto Alegre em 1880, sendo o primeiro Argenta a vir da Itália, de uma família de 21 irmãos. Logo que chegou ao Brasil conseguiu emprego em uma fábrica de carroceiras [carros] de Luiz Rothfuchs, em Porto Alegre, onde trabalhou por vários anos. Após juntar algum dinheiro, Vicente mandou buscar a mãe e 3 irmãs (o pai já era falecido) e decidiu, então montar um pequeno hotel em São Sebastião do Caí.

Em 1889 chegou na Freguesia de Santa Teresa de Caxias, onde montou um café na Rua Julio de Castilhos em frente a Praça Dante Alighieri, mesmo ano em que conheceu e casou com Teresa [Theresa,Tereza ou Thereza] Bregatto (02/09/1865 a 30/06/1960), filha de Girolamo [Jerônymo ou Jerônimo] Bregatto (01/12/1830 a 04/04/1906) e Rosa Costa ([indeterminado] a [1872]). Com Teresa, Vicente teve 8 filhos: Ernesto (29/08/1890 a 24/09/1931), Eleonora (13/09/1892 a 16/07/1985), Maria (21/02/1895 a 26/05/1975), Giselda (09/05/1897 a 10/08/1996), Dosolina (16/05/1900 a 05/03/1944), Hugo (15/05/1902 a 20/04/1965), Ema Roza (1904 a 24/03/1905) e Henrique Dante (16/10/1905 a 22/11/1908).

A pedido de Teresa, que achava o ambiente ruidoso e agitado, Vicente fechou o café e abriu uma fábrica de gasosa [em 1891], conhecida como “La gasosa de Argenta”, na esquina das ruas Júlio de Castilhos e Guia Lopes (antiga rua Dr. Salgado), local que posteriormente se tornou a residência da Família Argenta. Como naquela época, havia muita dificuldade em transportar as gasosas pois as estradas eram precárias e o transporte feito por burros, Vicente resolveu vender a fábrica de gasosa para os Leonardelli. Vicente queria aproveitar a experiência adquirida na Rothfuchs e então decidiu abrir, no mesmo local, uma fábrica de carros e outros tipos de veículos denominada “Fábrica de Carros Vicente Argenta, que foi a primeira fábrica de implementos para transporte de Caxias. Trabalhou neste ramo de veículos até que seu problema nos olhos (glaucoma) permitiu.

Atuante na Sociedade Operária São José (Società Falegnami S. Giuseppe), foi eleito Presidente em 29/04/1917. Neste mesmo ano, a sociedade comemorou seu 14º aniversário com uma festividade que iniciou com um cortejo acompanhado da Banda [Santa Cecília] que saiu da sua residência, até a Igreja e após rumaram a casa do intendente Col. Penna de Moraes, para convidá-lo para um banquete que ocorreu no Hotel Pezzi. Faleceu em 20/04/1935, aos 80 anos, em Caxias do Sul, vítima de hemorragia cerebral.

NOTAS: Teresa Bregatto nasceu em Rovereto, Áustria em 02/09/1865, por parte de Girolamo [Jerônymo ou Jerônimo] e Rosa, Teresa tem um irmão chamado Giovanni [João] Battista (1867 a [indeterminado]). Seu pai Girolamo Bregatto ficou viúvo e casou-se novamente com Emilia Carotta (04/09/1839- [indeterminado]), filha de Luigi e Maria Raiserer. Com Emilia, Girolamo teve mais dois filhos, Maria [Marietta] (27/10/1873 - [indeterminado] e Giuseppe (30/09/1875 – [indeterminado]). Alguns documentos sobre a biografia de Vicente Argenta relatam a existência de 9 filhos com Teresa Argenta, informando ter havido uma filha de nome Clara, que faleceu com vinte dias. Porém neste fundo documental não existem documentos que certifiquem esta informação.

Ernesto Argenta primogênito de Vicente Argenta e Teresa Bregatto Argenta, nasceu na Vila de Santa Teresa de Caxias- RS em 29/08/1890. Solteiro e sem filhos, Ernesto estudou na Escola Rio- Grandense de Caxias entre os anos de 1902 e 1905. Em 1908 mudou-se para Porto Alegre, residindo na casa do Sr. [João] Morganti (imigrante que veio ao Brasil junto com Vicente Argenta) e estudando na Escola Rio- Grandense de Porto Alegre. Ainda em Porto Alegre, em 1909 é aprovado para aprendizagem no Instituto de Engenharia e Electro Technica e, em 1913, após três anos de curso preparatório inicia o 1º ano de Engenharia Civil. Formou-se em Engenharia Civil em Porto Alegre-RS, com o projeto de uma escola elementar mista, tornando-se o primeiro Caxiense formado em Engenharia Civil. Em 1917, desenvolveu vários projetos, entre eles: Anteprojeto do Edifício do Fórum e da Intendência de Caxias do Sul (não executados).

Em 1920, Ernesto arrematou, mediante concorrência pública, a construção de um reservatório de água potável destinado a alimentar chafarizes que ficariam instalados na praça Dante [Alighieri] e na Rua Borges de Medeiros, bem como a construção de tanques de captação em terras da Intendência e de Antonio Giuriolo. Neste mesmo ano, o Intendente de Caxias Sr. Coronel José Penna de Moraes viaja a Porto Alegre, com um projeto de Ernesto para a construção de um edifício para o Colégio Elementar [Escola Primária Elementar Mista]. No final do ano de 1921, Ernesto viaja para Aracaju, onde se torna Diretor da Escola de Aprendizes Artífices de Sergipe, permanecendo neste cargo até dezembro/1923.

Durante o período que esteve a frente da escola de Sergipe, recebeu convites para integrar Comissões como Membro Perito de Comissão de Avaliação de Danos Causados em Consequência da Revolta Militar e Membro de Comissão para Construção de uma Penitenciária Modelo em Sergipe. Pelo belo desempenho a frente da Escola de Sergipe, Ernesto é convidado, em 1926, a ser Diretor da Escola de Artífices do Ceará, ficando encarregado de remodelar o Ensino Profissional Técnico desta escola e ainda prestar consultoria para remodelar e reformar as Escolas do Maranhão, Recife e a de Sergipe.

[Em 1927] começou a trabalhar como Engenheiro da Secretaria de Obras Públicas do Estado do Rio Grande do Sul, onde projetou alguns prédios como: Fórum de Bagé e o Quartel de Recrutas – Chácara das Bananeiras em Porto Alegre, [Diretoria de Obras Públicas do Estado] (DomO.P.E). Entre os anos de 1929 e 1930, Ernesto projetou a residência da Família Argenta, prédio em alvenaria com área edificada de 107 m² localizado na esquina das ruas Avenida Julio de Castilhos e Guia Lopes (antiga Dr. Salgado), em Caxias. A construção ficou a cargo de Luiz Bortola. No ano seguinte, em 1931, Ernesto é diagnosticado pelos Drs. Anne Dias e [Luiz] Faccioli com um caso grave de poliserosite tuberculose. Faleceu em 24/09/1931, aos 41 anos, em Porto Alegre, sendo nesta cidade enterrado. Anos mais tarde, em 1934, foi autorizado o translado de seus restos mortais para Caxias.

NOTAS: Por volta de 1910, Ernesto Argenta aproveitou o tempo livre das férias para confeccionar um porta-jóias para sua mãe, Teresa Argenta. O baú de madeira, por sua vez, se tornou um oratório, ostentando imagens de santos e um crucifixo sobre a cômoda de um quarto. E assim ficou por muito tempo, até que dona Teresa faleceu e o objeto foi herdado pela filha Giselda, que trocou as imagens de devoção por cartas e fotografias de família. Anos depois, foi a vez do neto Alexandre tomar posse do baú, ainda decorado por um tecido com flores nas cores vinho e branco, com fundo azulado. Foi então que as fotos deram lugar a imagens budistas. Pelo menos até 2008, quando a centenária caixa entalhada por Ernesto Argenta ganhou novo endereço: o setor de reserva técnica da Divisão de Museus de Caxias do Sul.

Hugo Torquato Argenta, sexto filho de Vicente Argenta e Teresa Bregatto Argenta, nasceu na Vila de Santa Teresa de Caxias – RS em 15/05/1902. Iniciou seus estudos preliminares no Colégio do Carmo em Caxias, posteriormente estudou no Instituto São José em Canoas, mas logo retornou à Caxias. Ao completar 18 anos, foi incluído como reservista na Sociedade de Tiro nº 248 de Caxias, sendo atirador de 2ª classe.

No início de sua vida profissional, trabalhou como bancário na filial caxiense do Banco Pelotense. Porém, logo em seguida foi convidado para trabalhar na Funilaria Eberle, sendo admitido em 1º de maio de 1923. Inicialmente passou a exercer a função de correspondente e auxiliar direto do Sr. Abramo Eberle que o chamava de “seu bom secretário”. Em 1943 tornou-se sócio, exercendo o cargo de Sub-Diretor Gerente, ano em que a empresa passou a denominar-se Metalúrgica Abramo Eberle Ltda. Mais tarde em 1947, quando a empresa constituiu-se em Metalúrgica Abramos Eberle S.A (Maesa), passou a ser Diretor Gerente. Finalmente em 1953, após o falecimento de José Abramo Venzon Eberle, assumiu o cargo de Diretor Vice-Presidente da Maesa. Quanto ao engajamento social e cultural, Hugo sempre demonstrou grande envolvimento e participação nas entidades da cidade, entre os cargos exercidos foi Diretor de Cultura do Grêmio Atlético Eberle, Presidente da Cooperativa dos Empregados da Metalúrgica Eberle, integrou por vários anos a Associação dos Comerciantes de Caxias e a Associação dos Empregados no Comércio, onde dividiu o cargo de vice- presidente com Angelo Costamilan e, por muitos anos esteve na Diretoria do Recreio da Juventude desde a sua associação, em 1918. Hugo também era acionista da empresa E. Mosele S.A Estabelecimentos Vinícolas, Indústrias e Comércio e membro do Conselho Fiscal.

Casou-se com Isaura Travi em 01/09/1938 tendo com ela uma filha de nome Vera Maria Argenta (11/08/1951 a indeterminado). Vera casou-se com Ricardo Dreher em 20/12/1967. Faleceu em 20/04/1965, aos 62 anos, em Caxias do Sul. A Lei nº 1970 de 25/10/1971, denominou logradouro da cidade com o nome de rua Hugo Torquato Argenta, localizada no bairro Nossa Senhora de Fátima, em Caxias do Sul – RS.

NOTAS: Em 1945 intermediou como procurador no contrato de compra e venda do prédio conhecido, na época, como antigo Hospital Carbone, hoje sede do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami. O negócio de compra e venda do prédio se desenvolveu nas seguintes etapas: Em 14/03/1945, o proprietário Romulo Carbone e sua esposa, Luccia, assinaram uma promessa de compra e venda do prédio com Dino F. Cia. Em 20/07/1945 foi assinada a escritura de compra e venda do prédio e o adquirente Dino F. Cia fez uma cessão e transferência de direitos, fracionando o imóvel em três partes, ficando 1/3 em sua propriedade, 1/3 para Julio João Eberle e 1/3 para Oscar Martini. Em 12/08/1946, Dino F. Cia e sua esposa, Noemia Minghelli Cia, venderam a sua terça parte para os já sócios-proprietários, Júlio João Eberle e Oscar Martini. Em 21/06/1951, os partidos políticos com representação em Caxias realizaram uma reunião para discutir um possível acordo na escolha de candidato único à sucessão municipal de Luciano Corsetti. Num total de 19 nomes, apenas 3 foram para o exame final: Hugo Argenta, Armando Luiz Antunes e Hermes Webber. Entretanto, nesta reunião, o PTB não concordou com nenhum destes 3 nomes, ficando a decisão definitiva para uma nova reunião. Em 28/06/1951, uma nova reunião foi realizada e em pronunciamento o PTB, então presidido por Guerino Zugno, foi definitivamente contrário à candidatura única. O PTB indicou para prefeito João José Conte e para vice-prefeito Antônio Pinho e os demais partidos acabaram se coligando e indicando para prefeito Major Eng. Euclides Triches e para vice-prefeito Hermes J. Webber, que foram eleitos. Um ofício datado de 20/09/1970 e assinado pelo Sr. Presidente Julio Costamilan, oriundo do Vereador José Régis Prestes, solicitou ao Jornal Pioneiro a indicação de nomes de personalidades para a denominação de ruas de Caxias. Entre estas denominações estava: “Hugo Torquato Argenta, industrialista, alto dirigente industrial de Caxias do Sul.” O processo de indicação consta como inexistente na Câmara de Vereadores, supondo-se que tenha sido perdido no incêndio que ocorreu em 1992.

Fabíola Erhart
Pessoa · n.12/09/1972

Fabíola Erhart nasceu no dia doze de setembro de 1972, em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul (Brasil), filha de Flávio Felisberto Erhart e Elen Erhart. Técnica em Enfermagem há mais de trinta anos, contraiu a covid 19 de forma grave, ficando hospitalizada por oitenta e sete dias no Hospital Municipal de Novo Hamburgo, quando trabalhava em um hospital em Estância velha. Atualmente leva uma vida praticamente normal e trabalha na Viva Emergências Médicas, no setor da farmácia. Fonte: informações obtidas na entrevista e em pesquisa realizada pela Unidade.

Fa
Euclides Triches
BR.RS.AHMJSA.AP.EUC · Pessoa · 23/04/1919 a 11/02/1994

Euclides Triches nasceu em Caxias do Sul – RS, mais precisamente na região da 9ª Légua (bairro Santa Catarina), no dia 23/04/1919, e era filho de João Triches, oriundo de Santa Giustina, província de Belluno – Itália, e de Adélia Bracaggioli Triches. João e Adélia tiveram cinco filhos: Gino, Euclides, Clélia, Olga e Hilda. Cursou o primário no Colégio Nossa Senhora do Carmo, de sua cidade natal, e no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Bom Princípio, localidade que na época pertencia ao município de São Sebastião do Caí – RS. Após concluir o ginásio no Colégio Nossa Senhora do Carmo, em 1936, transferiu-se para o Rio de Janeiro – RJ, então Distrito Federal, onde frequentou o “Curso Freycinet”, onde formou-se em Matemática Superior, e o curso preparatório para a carreira militar no ano seguinte.
Sentou praça em abril de 1938 ao ingressar na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, sendo declarado aspirante-a-oficial da arma de Engenharia em dezembro de 1940. Promovido a segundo-tenente em agosto de 1941, foi transferido ainda nesse ano para o 3º Batalhão Rodoviário, sediado em Lagoa Vermelha – RS, onde participou da construção da rodovia Vacaria/Lagoa Vermelha/Passo Fundo até 1943. Nesse ínterim, foi promovido a primeiro-tenente em outubro de 1942. Em 1944, serviu no 1º Batalhão Ferroviário, com sede em Bento Gonçalves – RS, tendo participado das obras de construção da ferrovia ligando essa cidade a Rio Negro – PR. Nesse mesmo ano, foi lotado no Arsenal de Guerra General Câmara, no Rio Grande do Sul, alcançando o posto de capitão em maio de 1945. Diplomado em engenharia metalúrgica pela Escola Técnica do Exército em 1948, passou no ano seguinte a atuar no Departamento de Fundição de Metais da Fábrica de Juiz de Fora – MG.
Depois de se reformar como major em 1951, iniciou vida política ao se eleger prefeito de Caxias do Sul (31/12/1951 a 31/01/1954) na legenda da coligação formada pelos partidos: Partido Social Democrático (PSD), Partido Libertador (PL), União Democrática Nacional (UDN) e Partido de Representação Popular (PRP), com os slogans “Água para a cidade, estradas para a Colônia” e “Colônia rica, cidade milionária”. No ano seguinte, foi convidado pelo governador Ildo Meneghetti para ocupar a Secretaria de Obras Públicas do Estado do Rio Grande do Sul, renunciando ao cargo de prefeito. Ainda em 1955, licenciado da Secretaria, concorreu à prefeitura de Porto Alegre na legenda da Frente Democrática, coligação que reunia a UDN e o PSD, representando o situacionismo estadual. Foi, contudo, derrotado por Leonel Brizola, candidato do PTB – Partido Trabalhista Brasileiro. Durante sua gestão como Secretário de Obras Públicas do RS, foi concluída a construção do sistema de pontes sobre o rio Guaíba.
Em 1959, depois de encerrado o governo Meneghetti, foi designado para integrar uma comissão técnica no EMFA – Estado-Maior das Forças Armadas, na qual permaneceu até o ano seguinte. Em 1961, foi indicado pelo CNPq – Conselho Nacional de Pesquisas para fazer um estágio de aperfeiçoamento em estabelecimentos industriais de vários países da Europa por um período de um ano. De volta ao país, elegeu-se como Deputado Federal pelo Rio Grande do Sul no pleito de outubro de 1962, na legenda da Ação Democrática Popular, integrada pelo PL, o PRP, a UDN e o PDC – Partido Democrata Cristão; foi empossado em fevereiro de 1963 (02/02/1963 a 01/02/1971). Em abril do mesmo ano, tornou-se vice-líder do PDC, ocupando a partir de maio de 1964 (após o movimento político-militar de 31/06/1964, que derrubou o presidente João Goulart) a liderança de seu partido na Câmara dos Deputados.
Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2, de 27/10/1965, e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se em dezembro de 1965 à ARENA – Aliança Renovadora Nacional, partido governista. Em maio do ano seguinte, tornou-se vice-líder da Arena na Câmara, reelegendo-se nessa legenda no pleito de novembro de 1966. Durante seus mandatos, Triches integrou as comissões de Orçamento, de Segurança Nacional e de Minas e Energia da Câmara, tendo sido, no segundo, vice-líder da Arena e do governo. Membro do PSD, fez parte do movimento de partidos de direita (junto com a UDN e o Partido Libertador) para a formação da conservadora ARENA, sustentação civil do regime militar iniciado com em 1º de abril de 1964.
Indicado por Brasília, foi eleito governador do Rio Grande do Sul com respaldo parcial da Assembleia Legislativa Estadual em novembro de 1970, já no governo do General Emílio Garrastazu Médici. Assumiu o cargo em março do ano seguinte, dois meses depois de encerrar seu mandato na Câmara, em substituição a Valter Peracchi Barcelos (15/03/1971 a 14/03/1975). Em sua administração, tomou iniciativas nos setores da educação – cedeu parte da área da Estação Experimental de Viticultura e Enologia da Caxias do Sul para a construção da Universidade de Caxias do Sul –, pecuária, agricultura, indústria, transportes – foi dele a proposição da construção da Rota do Sol –, comunicações e energia. Quando deixou o governo gaúcho, foi substituído por Sinval Guazelli, também arenista e igualmente eleito pela Assembleia Legislativa Estadual. Após seu mandato como governador, seria indicado para a presidência da Amazônia Mineração S/A.
Em 1951, foi eleito Presidente Honorário do Aeroclube de Caxias do Sul. Em 18/10/1974, lhe foi concedido o título de “Cidadão Sul-Lourenciano” pela Câmara Municipal de São Lourenço do Sul – RS.
Durante a inauguração da nova sede da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, em 22/011/1996, o largo que faz a integração entre o Centro Administrativo Municipal e a Câmara de Vereadores de Caxias do Sul foi oficialmente denomidado “Centro Cívico Euclides Triches”. No local, foi instalada uma herma com a imagem de Triches, de autoria do escultor caxiense Bruno Segalla.
Era casado com Neda Mary Eulália Ungaretti Triches, com quem teve um filho, André Ungaretti Triches [1962]. Faleceu no dia 11/02/1994, aos 74 anos, vítima de problemas cardiovasculares, no Instituto de Cardiologia de Porto Alegre. Foi velado no Palácio Piratini e sepultado no Cemitério Público Municipal de sua cidade natal.

Esther Troian Benvenutti
BR RS AHMJSA · Pessoa · n. 16/05/1916 - f. 16/10/1983

Esther Troian Benvenutti nasceu em dezesseis de maio de 1916, em Ana Rech, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul (Brasil). Filha de Francisco Troian e de Angelina Corso Troian, descendentes de imigrantes italianos. Foi aluna da professora Ercília Petry, imigrante italiana oriunda de Milão e primeira educadora da localidade de Ana Rech. A entrevistada foi professora e começou a lecionar com apenas treze anos devido à escassez de profissionais na região. Em 1943 atuou como a primeira orientadora de ensino do Estado do Rio Grande do Sul em Caxias do Sul. Já de 1947 a 1960 foi diretora da Instrução Pública Municipal. Eleita pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com 1068 votos, atuou no Legislativo entre 1960 e 1962, onde exerceu as funções de secretária e vice-presidente da casa. Foi diretora da Escola Normal Duque de Caxias (atual Instituto de Educação Cristovão de Mendoza) de 1961 a 1963 e coordenadora do Serviço de Descentralização do Ensino Primário durante o governo de Leonel de Moura Brizola (1959-1963). Em dezenove de março de 1963 passou a exercer a função de Diretora Executiva da Comissão Municipal de Amparo à Infância (COMAI) até 1967, ano em que se aposentou. Faleceu em dezessete de outubro de 1983.

Ernesto Bernardi

Ernesto Bernardi nasceu dia 21 de setembro de 1904, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul (Brasil), filho de Ercília Bernardi e de Augusto Daré. Formou-se capataz rural na Escola Técnica de Agricultura, em Viamão (RS). Casou-se com Alice Telles Bossle, com quem teve os filhos Ernesto Augusto e Rosane. Trabalhou na Granja Coral em Porto Alegre (RS), na Estação Zootécnica da Escola de Engenharia de Alegrete (RS) e na Escola Industrial e Elementar de Rio Grande (RS). Foi enólogo por quarenta e seis anos na Scalzilli & Cia, posterior Companhia Brasileira de Vinhos S/A, atuando pela empresa em Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Na década de 1920, aproximou-se do Partido Libertador (PL) e teve uma pequena participação na Revolução Federalista de 1923. A partir da década seguinte, passou a militar no Partido Comunista Brasileiro (PCB), devido à aproximação com o ideário socialista. Foi um dos fundadores da Associação dos Camponeses sem Terra em Caxias do Sul. Foi diretor e editor do jornal “Voz do Povo”, fundado em 1945. Atuou no Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vinho, Cervejas e bebidas em Geral, na década de 1940, chegando a ocupar o cargo de presidente por breve período em 1952. Trabalhou na organização das associações de bairro em Caxias do Sul. Na década de sessenta, quatro dias após o Golpe Civil Militar (1964), foi preso em casa e enviado a Porto Alegre (RS), onde ficou detido por cinquenta e oito dias junto a outros comunistas históricos da cidade. Foi vereador suplente de Percy Vargas de Abreu e Lima, pela Aliança Republicana Socialista (ARS), cassado em abril de 1964. Quando o mandato foi recuperado pela ARS, Bernardi assumiu como terceiro suplente até 1967, devido à doença do vereador titular. Durante o período ditatorial, atuou no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), nas associações de bairros e dos aposentados e pensionistas. Faleceu em 20 de agosto de 1987.

Dados extraídos das entrevistas e do livro “A história de um comunista”, de Édio Elói Frizzo.