José Gazola nasceu em Antônio Prado – RS, aos 07/09/1902. Formou-se como Técnico Rural, na cidade de Viamão – RS, e foi professor em Rio Grande – RS; posteriormente, trabalhou em Caxias, nas firmas Amadeu Rossi e Granzotto & Cia. Ainda moço, interessado na metalurgia e correlatos, aproveitou uma oportunidade surgida com a Revolução Constitucionalista, quando o Estado-Maior do Exército no Rio Grande do Sul procurou nos meios locais atender às imediatas necessidades de armamento. Gazola contatou a chefia militar em Porto Alegre, prontificando-se a tentar o fabrico do material bélico desejado: a primeira granada fuzil, tipo V.B. (Viviam Brezière), desenhada pelos órgão técnicos do antigo Arsenal de Guerra de Porto Alegre. Já em fins do mês de Julho de 1932, adquiriu algumas máquinas e, com urgência, organizou a firma “José Gazola e Cia.”, da qual faziam parte seus irmãos Antônio e Sílvio. Instalada a firma e montada a fábrica, foram iniciados os trabalhos e, trinta dias após o recebimento do desenho, José Gazola apresentou os primeiros exemplares do novo artefato bélico, com fabrico ainda inédito no Brasil.
Terminada a Revolução Constitucionalista, os irmãos Gazola, depois de muitos estudos e pesquisas junto a firmas berlinenses, instalaram a primeira fábrica no Brasil de espoletas para caça com a razão social “Gazola, Travi & Cia.”, por ocasião da associação de Marcos Travi. O êxito de suas operações foi grande, tanto que a firma resolveu, então, importar equipamentos e instalar a primeira forja de cutelarias na região nordeste do Rio Grande do Sul, que foi a segunda em todo o Brasil. Enquanto José Gazola percorria o país pesquisando matérias-primas e lançando novos produtos, seus irmãos, Sílvio e Antônio, com operários ainda inexperientes, atendiam os serviços internos.
Entre 1940 e 1942, José Gazola reúne os membros da empresa e resolve viajar ao Rio de Janeiro, oferecendo seus serviços aos órgãos técnicos do Ministério da Guerra e da Marinha, que, embasados na experiência anterior de 1932, não tiveram dúvidas em aceitar. A empresa iniciou, então, a fase de produção de material bélico por decreto (de 10 de Dezembro de 1942): a indústria Gazola foi declarada “de interesse militar”, fornecendo peças e elementos de munição para artilharia e infantaria. Em 1946, recomeçou a fabricação de cutelarias finas, o que permitiu que a empresa entrasse novamente no mercado e buscasse nos Estados Unidos da América novas máquinas e equipamentos para enriquecer seu parque industrial. As linhas “Elmo”, “Elmo Cutelaria”, “Elmo Inox”, “Elo”, “Gazola” e “Vulcano Munições” eram marcas registradas da empresa, que tinha, ainda, representantes e caixeiros viajantes em 18 estados brasileiros, além de uma unidade em Nova Iorque (EUA). A partir de 1990, a companhia expandiu seu portfólio de produtos com o início da produção de panelas de aço inoxidável e ingressou no mercado de componentes e acessórios para implementos rodoviários.
Combalida por dificuldades financeiras, a empresa teve sua falência decretada em agosto de 2009 e, desestruturada pelo período em que permaneceu fechada, a companhia não logrou sucesso em sua tentativa de recuperação e teve suas operações fabris encerradas em meados de 2010.
José Gazola foi, ainda, um dos fundadores do Rotary Clube, assim como do Lions Clube de Caxias do Sul e do Grupo das Falenas. Foi presidente da Associação Comercial e do Clube Juvenil. Era casado com Odithe Silla Gazola, com quem teve dois filhos: Livio Cesar (seu sucessor na empresa) e Júlio Lúcio Gazola. Era detentor da Ordem do Pacificador, concedida pelo Exército, de comenda na Ordem do Cavalheiro, conferida pelo Governo Italiano e Ordem do Mérito Marechal Rondon. José Gazola faleceu aos 69 anos, em Caxias do Sul, a 20/03/1972.
Ivo Antônio Gazola era filho de Reinaldo Gazola, natural de Antônio Prado – RS, e Maria Luiza Carletti, nascida na Itália. Após concluir o ginásio, matriculou-se no curso de “Perito Contador, no colégio Nossa Senhora do Carmo, trabalhando durante o dia. No seu aniversário de 17 anos, ingressou na empresa de seu tio, José Gazola, a Gazola Indústria Metalúrgica Ltda., quase no mesmo ano em que, por Decreto-Lei de Getúlio Vargas, esta foi considerada de interesse militar e passou a produzir materiais bélicos para o Exército Nacional. Na nova produção, Ivo passou do Almoxarifado para a Química, produzindo fulminato de mercúrio, o explosivo destinado ao carregamento de granadas, função esta exercida até o acidente que enlutou a firma e inúmeras famílias caxienses: a violenta explosão na fábrica, no final de 1943.
Após 1950, passou a atuar como Gerente do Almoxarifado da empresa, escalonando para Gerente de Escritório Central, depois para Gerente Financeiro, Gerente de Vendas e, finalmente, em 1979, para Diretor Comercial. Como funcionário e administrador, viveu anos de expansão na conquista de novos mercados, obtendo subsídios de visitas a feiras e exposições nacionais e internacionais, como na África e em Milão.
Ivo Gazola também de destacou na comunidade caxiense por anos de leonismo: foi presidente do Lions Clube da cidade e responsável, como tesoureiro, pela construção da escola Melvin Jones. Ligado ao ramo da metalurgia, foi diretor financeiro e, posteriormente, presidente da ABITAC – Associação Brasileira da Indústria de Talheres e Cutelaria, Utensílios Domésticos, Hospitalares e Similares, em São Paulo, por duas gestões, quando viabilizou a instalação da sede da entidade junto à FIERGS, em Porto Alegre – RS, o que possibilitou um melhor atendimento à categoria. Em 1987, Ivo Antônio Gazola recebeu homenagem da ADVB – Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil/RS pelos 55 anos de atividades da empresa Gazola S.A. Em 1992, foi agraciado com o Troféu Caxias 116, através do Jornal Pioneiro e da Rádio São Francisco; em 1993, foi reconhecido como “Colaborador Emérito do Exército” pelo Exército Brasileiro. Já em 2008, Ivo foi homenageado com o “Mérito Metalúrgico Gigia Bandera”, por sua visão estratégica, representação institucional, empresarial e de defesa da livre iniciativa.
Em 1948, Ivo Gazola casou-se com Beloni Meyer, de Veranópolis – RS, com quem teve seus quatro filhos: Maria Tereza, Paulo Cesar, Luiz Alberto e Thais. Ivo Antônio Gazola faleceu em Caxias do Sul, aos 87 anos.
Livio Cesar Gazola nasceu em Caxias do Sul em 29/09/1928. Seus pais, José Gazola e Odithe Silla Gazola, imigrantes italianos, residiram inicialmente em Antônio Prado e junto aos filhos, por volta de 1920, vieram residir em Caxias.
No ano de 1954, Livio Cesar Gazola ingressou na empresa de seu pai, a Indústria Metalúrgica Gazola Ltda., no cargo de Assessor do Departamento Técnico. Três anos depois, assumiu o cargo de Chefe de Compras e, no ano de 1960, após a realização de curso de pós-graduação no exterior, assumiu o cargo de Diretor. Foi uma nova fase: a responsabilidade e os encargos foram se tornando mas amplos e o desafio cada vez maior e abrangente. Em 1969, foram inauguradas as novas instalações de Gazola S.A.: sua área física fora ampliada e uma nova estrutura tecnológica implementada, o que motivou a visita de autoridades de expressão nacional, como a do então Presidente da República, Costa e Silva. Já em 1972, fruto de sua dedicação e conhecimento, Livio passou a ocupar o cargo de Diretor Presidente da empresa e, concomitantemente, dirigiu as empresas Brazex S.A. – Predial, Indústria e Comércio, Brazmar S.A. – Hotéis, Turismo e Empreendimentos Imobiliários e Brazpar – Administração e Participações Ltda.
Paralelamente às atividades de empresário, Livio desempenhou funções nos mais variados segmentos da sociedade caxiense. Nos anos de 1961 e 1962, presidiu o Rotary Clube de Caxias do Sul; de 1962 a 1964, o SIMECS – Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul. Já em 1965, presidiu o Centro Cultural Norte-Americano de Caxias do Sul; no ano de 1969, a convite do então prefeito, Hermes João Webber, Livio Cesar Gazola foi presidente da Festa da Uva. Participou, ainda, da direção do Clube Juvenil, passando a integrar, mais tarde, seu Conselho Fiscal. Na FIERGS – Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, ele ocupou cargos importantes entre as décadas de 1960 e 1970, como Presidente do Conselho Deliberativo Superior e atuando em Diretorias. Na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul, foi presidente do Conselho Deliberativo (1989 a 1991) e, posteriormente, do Conselho Superior da instituição. Em 1976, Livio Cesar Gazola foi nomeado presidente do Esporte Clube Juventude, do qual era torcedor e, mesmo findo seu mandato, continuou trabalhando pelo clube esmeraldino, integrando Conselhos e assessorando sua presidência. Em 1987, foi homenageado com o “Mérito Metalúrgico Gigia Bandera” e, em 18/11/1997, recebeu a Comenda do Décimo Aniversário do SENAI José Gazola – Centro de Formação Profissional. Em 20/08/1998, recebeu o título de Cidadão Emérito da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. Permaneceu na presidência da Gazola S.A. Indústria Metalúrgica até 2004, quando passou a integrar o Conselho de Administração da empresa.
Livio Cesar Gazola casou-se, em Julho de 1956, com Sandra Souza Leão de Oliveira, que conheceu em uma viagem ao Rio de Janeiro e com quem teve quatro filhos: Luiz Eduardo, Ana Isaura, Flávia e Adriana. Ele faleceu aos 78 anos, em Caxias do Sul, vítima de insuficiência cardíaca.