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Registro de autoridade
Família Gazola
BR.RS.AHMJSA.AP.GZL · Família · 1932-2013

José Gazola nasceu em Antônio Prado – RS, aos 07/09/1902. Formou-se como Técnico Rural, na cidade de Viamão – RS, e foi professor em Rio Grande – RS; posteriormente, trabalhou em Caxias, nas firmas Amadeu Rossi e Granzotto & Cia. Ainda moço, interessado na metalurgia e correlatos, aproveitou uma oportunidade surgida com a Revolução Constitucionalista, quando o Estado-Maior do Exército no Rio Grande do Sul procurou nos meios locais atender às imediatas necessidades de armamento. Gazola contatou a chefia militar em Porto Alegre, prontificando-se a tentar o fabrico do material bélico desejado: a primeira granada fuzil, tipo V.B. (Viviam Brezière), desenhada pelos órgão técnicos do antigo Arsenal de Guerra de Porto Alegre. Já em fins do mês de Julho de 1932, adquiriu algumas máquinas e, com urgência, organizou a firma “José Gazola e Cia.”, da qual faziam parte seus irmãos Antônio e Sílvio. Instalada a firma e montada a fábrica, foram iniciados os trabalhos e, trinta dias após o recebimento do desenho, José Gazola apresentou os primeiros exemplares do novo artefato bélico, com fabrico ainda inédito no Brasil.

Terminada a Revolução Constitucionalista, os irmãos Gazola, depois de muitos estudos e pesquisas junto a firmas berlinenses, instalaram a primeira fábrica no Brasil de espoletas para caça com a razão social “Gazola, Travi & Cia.”, por ocasião da associação de Marcos Travi. O êxito de suas operações foi grande, tanto que a firma resolveu, então, importar equipamentos e instalar a primeira forja de cutelarias na região nordeste do Rio Grande do Sul, que foi a segunda em todo o Brasil. Enquanto José Gazola percorria o país pesquisando matérias-primas e lançando novos produtos, seus irmãos, Sílvio e Antônio, com operários ainda inexperientes, atendiam os serviços internos.

Entre 1940 e 1942, José Gazola reúne os membros da empresa e resolve viajar ao Rio de Janeiro, oferecendo seus serviços aos órgãos técnicos do Ministério da Guerra e da Marinha, que, embasados na experiência anterior de 1932, não tiveram dúvidas em aceitar. A empresa iniciou, então, a fase de produção de material bélico por decreto (de 10 de Dezembro de 1942): a indústria Gazola foi declarada “de interesse militar”, fornecendo peças e elementos de munição para artilharia e infantaria. Em 1946, recomeçou a fabricação de cutelarias finas, o que permitiu que a empresa entrasse novamente no mercado e buscasse nos Estados Unidos da América novas máquinas e equipamentos para enriquecer seu parque industrial. As linhas “Elmo”, “Elmo Cutelaria”, “Elmo Inox”, “Elo”, “Gazola” e “Vulcano Munições” eram marcas registradas da empresa, que tinha, ainda, representantes e caixeiros viajantes em 18 estados brasileiros, além de uma unidade em Nova Iorque (EUA). A partir de 1990, a companhia expandiu seu portfólio de produtos com o início da produção de panelas de aço inoxidável e ingressou no mercado de componentes e acessórios para implementos rodoviários.

Combalida por dificuldades financeiras, a empresa teve sua falência decretada em agosto de 2009 e, desestruturada pelo período em que permaneceu fechada, a companhia não logrou sucesso em sua tentativa de recuperação e teve suas operações fabris encerradas em meados de 2010.

José Gazola foi, ainda, um dos fundadores do Rotary Clube, assim como do Lions Clube de Caxias do Sul e do Grupo das Falenas. Foi presidente da Associação Comercial e do Clube Juvenil. Era casado com Odithe Silla Gazola, com quem teve dois filhos: Livio Cesar (seu sucessor na empresa) e Júlio Lúcio Gazola. Era detentor da Ordem do Pacificador, concedida pelo Exército, de comenda na Ordem do Cavalheiro, conferida pelo Governo Italiano e Ordem do Mérito Marechal Rondon. José Gazola faleceu aos 69 anos, em Caxias do Sul, a 20/03/1972.

Ivo Antônio Gazola era filho de Reinaldo Gazola, natural de Antônio Prado – RS, e Maria Luiza Carletti, nascida na Itália. Após concluir o ginásio, matriculou-se no curso de “Perito Contador, no colégio Nossa Senhora do Carmo, trabalhando durante o dia. No seu aniversário de 17 anos, ingressou na empresa de seu tio, José Gazola, a Gazola Indústria Metalúrgica Ltda., quase no mesmo ano em que, por Decreto-Lei de Getúlio Vargas, esta foi considerada de interesse militar e passou a produzir materiais bélicos para o Exército Nacional. Na nova produção, Ivo passou do Almoxarifado para a Química, produzindo fulminato de mercúrio, o explosivo destinado ao carregamento de granadas, função esta exercida até o acidente que enlutou a firma e inúmeras famílias caxienses: a violenta explosão na fábrica, no final de 1943.

Após 1950, passou a atuar como Gerente do Almoxarifado da empresa, escalonando para Gerente de Escritório Central, depois para Gerente Financeiro, Gerente de Vendas e, finalmente, em 1979, para Diretor Comercial. Como funcionário e administrador, viveu anos de expansão na conquista de novos mercados, obtendo subsídios de visitas a feiras e exposições nacionais e internacionais, como na África e em Milão.

Ivo Gazola também de destacou na comunidade caxiense por anos de leonismo: foi presidente do Lions Clube da cidade e responsável, como tesoureiro, pela construção da escola Melvin Jones. Ligado ao ramo da metalurgia, foi diretor financeiro e, posteriormente, presidente da ABITAC – Associação Brasileira da Indústria de Talheres e Cutelaria, Utensílios Domésticos, Hospitalares e Similares, em São Paulo, por duas gestões, quando viabilizou a instalação da sede da entidade junto à FIERGS, em Porto Alegre – RS, o que possibilitou um melhor atendimento à categoria. Em 1987, Ivo Antônio Gazola recebeu homenagem da ADVB – Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil/RS pelos 55 anos de atividades da empresa Gazola S.A. Em 1992, foi agraciado com o Troféu Caxias 116, através do Jornal Pioneiro e da Rádio São Francisco; em 1993, foi reconhecido como “Colaborador Emérito do Exército” pelo Exército Brasileiro. Já em 2008, Ivo foi homenageado com o “Mérito Metalúrgico Gigia Bandera”, por sua visão estratégica, representação institucional, empresarial e de defesa da livre iniciativa.
Em 1948, Ivo Gazola casou-se com Beloni Meyer, de Veranópolis – RS, com quem teve seus quatro filhos: Maria Tereza, Paulo Cesar, Luiz Alberto e Thais. Ivo Antônio Gazola faleceu em Caxias do Sul, aos 87 anos.

Livio Cesar Gazola nasceu em Caxias do Sul em 29/09/1928. Seus pais, José Gazola e Odithe Silla Gazola, imigrantes italianos, residiram inicialmente em Antônio Prado e junto aos filhos, por volta de 1920, vieram residir em Caxias.

No ano de 1954, Livio Cesar Gazola ingressou na empresa de seu pai, a Indústria Metalúrgica Gazola Ltda., no cargo de Assessor do Departamento Técnico. Três anos depois, assumiu o cargo de Chefe de Compras e, no ano de 1960, após a realização de curso de pós-graduação no exterior, assumiu o cargo de Diretor. Foi uma nova fase: a responsabilidade e os encargos foram se tornando mas amplos e o desafio cada vez maior e abrangente. Em 1969, foram inauguradas as novas instalações de Gazola S.A.: sua área física fora ampliada e uma nova estrutura tecnológica implementada, o que motivou a visita de autoridades de expressão nacional, como a do então Presidente da República, Costa e Silva. Já em 1972, fruto de sua dedicação e conhecimento, Livio passou a ocupar o cargo de Diretor Presidente da empresa e, concomitantemente, dirigiu as empresas Brazex S.A. – Predial, Indústria e Comércio, Brazmar S.A. – Hotéis, Turismo e Empreendimentos Imobiliários e Brazpar – Administração e Participações Ltda.

Paralelamente às atividades de empresário, Livio desempenhou funções nos mais variados segmentos da sociedade caxiense. Nos anos de 1961 e 1962, presidiu o Rotary Clube de Caxias do Sul; de 1962 a 1964, o SIMECS – Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul. Já em 1965, presidiu o Centro Cultural Norte-Americano de Caxias do Sul; no ano de 1969, a convite do então prefeito, Hermes João Webber, Livio Cesar Gazola foi presidente da Festa da Uva. Participou, ainda, da direção do Clube Juvenil, passando a integrar, mais tarde, seu Conselho Fiscal. Na FIERGS – Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, ele ocupou cargos importantes entre as décadas de 1960 e 1970, como Presidente do Conselho Deliberativo Superior e atuando em Diretorias. Na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul, foi presidente do Conselho Deliberativo (1989 a 1991) e, posteriormente, do Conselho Superior da instituição. Em 1976, Livio Cesar Gazola foi nomeado presidente do Esporte Clube Juventude, do qual era torcedor e, mesmo findo seu mandato, continuou trabalhando pelo clube esmeraldino, integrando Conselhos e assessorando sua presidência. Em 1987, foi homenageado com o “Mérito Metalúrgico Gigia Bandera” e, em 18/11/1997, recebeu a Comenda do Décimo Aniversário do SENAI José Gazola – Centro de Formação Profissional. Em 20/08/1998, recebeu o título de Cidadão Emérito da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. Permaneceu na presidência da Gazola S.A. Indústria Metalúrgica até 2004, quando passou a integrar o Conselho de Administração da empresa.

Livio Cesar Gazola casou-se, em Julho de 1956, com Sandra Souza Leão de Oliveira, que conheceu em uma viagem ao Rio de Janeiro e com quem teve quatro filhos: Luiz Eduardo, Ana Isaura, Flávia e Adriana. Ele faleceu aos 78 anos, em Caxias do Sul, vítima de insuficiência cardíaca.

Família Curra
BR RS AHMJSA AP-CUR · Família · [Entre 1869 e 1870] a 2020

Pietro Curra (22/11/1853 a 10/12/1919), seguindo o exemplo de muitos imigrantes italianos, chegou ao Brasil em 1877 e radicou-se em Nova Trento – RS, onde casou-se com Catharina Fiorese (28/09/1861 a 25/11/1938), também imigrante italiana, a 27/12/1881. Eles tiveram nove filhos: Giuseppe (15/11/1881 a 16/03/1951), Serafina (13/05/1883 a 22/04/1953), João (25/08/1888 a 20/03/1959), Thereza Joana (10/11/1890 a [indeterminado]), Rosa (21/04/1895 a 20/10/1951), Amália Virgínia (14/10/1897 a 14/12/1918), Maria, Ettore (10/07/1899 a 15/04/1973) e Luiza (21/12/1901 a 08/12/1971).

Giuseppe Curra, filho dos imigrantes Pietro Curra (procedente de Piemonte – Itália) e Catharina Fiorese (procedente de Vicenza – Itália), nasceu em 15/11/1881, na 11a. Légua do Travessão Garibaldi, da então implantada Colônia Caxias, mais precisamente na área dos primitivos povoados de São Pedro e de São José, que reunidos por volta de 1885 formariam a vila de Nova Trento. Casou-se com Zaida Marchioro (25/03/1882 a 17/05/1962) em 02/06/1901, com quem teve quatorze filhos: sete destes faleceram ainda bebês; os demais eram Ignez, Anúncio, Zaida, Pedro, José Olinto, Luiza e Nelli. José, como ficou conhecido posteriormente, sempre trabalhou e morou em sua terra natal: tinha uma fábrica de cerveja e indústria de refrigerantes, implantada no início do século e que funcionou até a década de 1930. Como bancário, exerceu a função de correspondente da primeira agência bancária do Banco do Estado do Rio Grande do Sul na localidade. Sempre foi atuante na política, atuando pela emancipação de Nova Trento, junto ao Intendente Joaquim Mascarello e vários outros líderes políticos. Fez parte do primeiro Conselho Municipal, exercendo o mandato de 1924 a 1928.

Serafina Curra, filha dos imigrantes Pietro Curra (procedente de Piemonte – Itália) e Catharina Fiorese (procedente de Vicenza – Itália), nasceu em 13/05/1883, na 11a. Légua do Travessão Garibaldi, da então implantada Colônia Caxias, mais precisamente na área dos primitivos povoados de São Pedro e de São José, que reunidos por volta de 1885 formariam a vila de Nova Trento. Em Garibaldi – RS, ingressou no Postulado da Congregação das Irmãs de São José de Chambéry, a 15/10/1907, passando ao Noviciado em 09/01/1908. Fez os Votos Temporários em 01/01/1910 e os Perpétuos em 13/01/1915. Exerceu sua vocação entre 1910 e 1921, como professora, nas escolas São José de Garibaldi, Montenegro – RS e Caxias – RS e na Escola Rainha da Paz, de Lagoa Vermelha – RS. Acumulou os cargos de professora e Madre Superiora entre os anos de 1922 e 1926, atuando na Escola Rainha da Paz e e na Escola Regina Coeli, de Veranópolis – RS. Exclusivamente como Madre Superiora, atuou entre os anos de 1927 e 1953, nas cidades de Vacaria – RS (Escola São José), Rio Grande – RS (Escola Joana D’Arc e Hospital Beneficência Portuguesa ), Porto Alegre – RS (Hospital São Pedro), Caxias do Sul – RS (Hospital Nossa Senhora de Pompéia), Antônio Prado (Hospital São José), Veranópolis – RS (Hospital Nossa Senhora de Lourdes) e Lagoa Vermelha (Hospital São Paulo). Faleceu em Garibaldi, a 22/05/1953.

João Curra, filho dos imigrantes Pietro Curra (procedente de Piemonte – Itália) e Catharina Fiorese (procedente de Vicenza – Itália), nasceu em 25/01/1988, na 11a. Légua do Travessão Garibaldi, da então implantada Colônia Caxias, mais precisamente na área dos primitivos povoados de São Pedro e de São José, que reunidos por volta de 1885 formariam a vila de Nova Trento. Era caixeiro viajante e em Esmeralda – RS conheceu sua então futura esposa, Maria Amélia Kuzer Cramer (06/05/1916 a 30/05/1960), com quem casou-se e teve nove filhos: Maria Catarina, Pedro Manoel, Laura, Odila, Paulo Heitor, Anoir José, Julieta Albertina, Ignês e Iray. Fixou residência em Sananduva – RS, dedicando-se ao transporte de cargas. Com o intuito de salvar a vida de sua esposa enferma, viajou a cavalo para São Paulo – SP para compra de medicamento, período em que manteve seu sustento através da profissão de fotógrafo. Ao regressar da capital paulista, montou um curtume. Para possibilitar a continuidade dos estudos de seus filhos, João e a família mudaram-se para Caxias – RS, onde estabeleceram-se com comércio de secos e molhados. Faleceu em Caxias do Sul, em 20/03/1959.

Heitor Curra nasceu em 10/07/1899, em Nova Trento, Segundo Distrito de Caxias – RS. Foi batizado como “Ettore Antonio”, mas quando adulto, ao necessitar de uma nova cópia da certidão de nascimento, foi-lhe fornecido um novo documento com o nome “Heitor”. Vale lembrar que neste novo documento consta como data de nascimento outra data: 11/07/1899. Realizou seus estudos iniciais na Escola Particular São José, na localidade onde nasceu; já em 1913, foi matriculado no extinto Seminário Imaculada Conceição, em São Leopoldo – RS, onde realizara estudos que correspondem, atualmente, aos ensinos Fundamental e Médio. Na grade curricular do Seminário, estavam previstas as matérias de Religião, Português, Latim, Italiano, Aritmética, Geografia, Caligrafia, Canto, Desenho, Francês e História Universal. Em seu primeiro ano, seu aproveitamento não era satisfatório mas, à medida que os anos avançaram, o desempenho e aplicação melhoraram consideravelmente, permanecendo na instituição até 1917.

Em 1919, Curra foi a São Paulo – SP, onde prestou Serviço Militar; foi aprovado como Reservista do Tiro de Guerra no. 35 da capital paulista em Agosto de 1920. Empregou-se na Sociedade Territorial Sul-Brasileira H. Hacker e Cia., onde exerceu atividades contábeis, além de auxiliar no expediente, até 1922. De volta ao distrito de Nova Trento, conseguiu emprego no Banco Francês e Italiano de Caxias – RS, permanecendo ali até Julho de 1923, quando surge a possibilidade de trabalhar em Nova Vicenza, atual cidade de Farroupilha – RS, como guarda-livros do Depósito de Secos e Molhados por Atacado de Angelo Antonello, onde permaneceu até 1924. sua estada em Nova Vicenza foi curta mas suficiente para conhecer Ignez Clementina Jaconi, filha de Umberto Jaconi e Lucina Fin, sua então futura esposa. A decisão de unirem-se em matrimônio foi concretizada em 18/10/1926, em cerimônia civil na casa dos pais de Ignês, situada à rua Júlio de Castilhos, em Caxias. Faustino Gomes, primeiro suplente do Juiz distrital em exercício, Hugo Argenta e José Eberle foram testemunhos. No dia 20, casaram-se no religioso, em Nova Vicenza. O casal teve quatro filhos: Nestor, Humberto Pedro, Lourdes e Heitor Filho.

Em 18/03/1925, Curra desempenha sua primeira função pública e é nomeado Tesoureiro Municipal da Vila de Nova Trento – RS. Solicitou sua exoneração em 30/04/1927, para concorrer ao cargo de Conselheiro Municipal, do qual tomou posse em 20/09/1928 e atuou até 24/12/1930. Foi nomeado para Primeiro Suplente do Juiz Distrital em 20/06/1929 e permaneceu nessa função por quatro anos.
Atuou ativamente pelas cooperativas agrícolas de Nova Trento, como guarda-livros, fundador e organizador:
– de 1930 a 1932, na Sociedade Cooperativa Vitivinícola 3 de Outubro Ltda. e na Cooperativa Agrícola São Pedro Ltda.;
– de 1931 a 1932, na Sociedade Cooperativa Vitivinícola Santo Antônio Ltda.;
– de 1932 a 1934, na Sociedade Cooperativa Vitivinícola Trentina Ltda.

Posteriormente, realizou especializações na área de Contabilidade e Advocacia, sendo identificado como “Contador Provisionado”, com base no artigo 3 do Decreto 21.033, de 08 de fevereiro de 1932, e “Advogado não Diplomado”, pertencente à OAB – Ordem dos Advogados do Brasil desde 12/10/1932. Ascendia profissional e politicamente, através de várias nomeações concedidas. Era partidário do PRL – Partido Republicano Liberal, fundado em 1932 pelo então General Flores da Cunha, que contava com uma Comissão Diretora Municipal do partido na Vila de Nova Trento, onde possuía alta representatividade e era presidida por Curra. Em função disso e de sua forte atuação na sociedade, ele é nomeado Prefeito da localidade, em ato assinado pelo então Interventor General Flores da Cunha, em 02/03/1933. No pleito seguinte, realizado em 1935, Curra é eleito por voto popular, permanecendo no cargo até 1941. Paralelo ao cargo de Prefeito, foi nomeado para os cargos de Presidente de Junta de Alistamento Militar e Presidente da Comissão Central de Recenseamento (de 1933 a 1941) e, de forma interina, para desempenhar a função de Delegado de Polícia (de 22/05/1934 até 07/02/1936). Curra e seu cunhado, Alexandre Valsechi, possuíram uma fábrica de armas de caça, localizada em Flores da Cunha – RS e denominada “Valsechi, Curra & Cia”. A empresa teve licença para atuar na confecção de armamento concedida pelo Ministro de Estado dos Negócios da Guerra a 12/08/1937.

Após a morte de sua mãe, a casa dos Curra passou a ser utilizada por Heitor e sua família; em 1941, a família fixou residência em Caxias – RS. Ele se desvincula da vida política e passa a exercer a atividade de Escrivão do Civil e Crime, Júri e Execuções Criminais e é nomeado para as funções de Secretário da Junta de Alistamento Militar, até 1960, ano em que solicita sua aposentadoria. Em sua vida privada, é sabido que Curra falava italiano gramatical e francês, além de possuir o hábito da leitura: em sua biblioteca, guardava livros das mais variadas áreas – política, romances, história, religião, enciclopédias, dicionários – e um vasto acervo na área jurídica. Era assinante das revistas e jornais da época. Participava de eventos culturais que ocorriam em Nova Trento, como teatro ou cinema, pois gostava muito. A música fazia parte de sua vida e praticou canto quando esteve matriculado em São Leopoldo – RS. Admirava melodias de sopro, principalmente por flauta, instrumento que aprendera a tocar com muito estudo e empenho. Quando jovem, era fascinado por futebol, paixão que herdou do pai que, além de atuar como jogador, muito contribuiu para a formação de alguns clubes esportista de Nova Trento, atual Flores da Cunha – RS. Heitor Curra faleceu em 15/04/1973, em virtude de um enfarte do miocárdio. Como homenagens póstumas, recebeu a denominação do “Campeonato Municipal do Interior Heitor Curra”, realizado em Flores da Cunha no ano de 1980, e a denominação de ruas em sua cidade natal e no bairro Madureira, em Caxias do Sul – RS.

Lourdes Curra, filha de Heitor Curra e de Ignez Clementina Jaconi Curra, nasceu em Flores da Cunha – RS, a 17/03/1933, onde viveu até seus oito anos de idade, mudando-se com a família para Caxias – RS em 1941. Estudou parte do ensino fundamental na Escola São José de sua cidade natal e cursou Magistério na Escola Duque de Caxias, já em Caxias do Sul – RS. No Instituto de Educação General Flores da Cunha, em Porto Alegre – RS, ela formou-se Técnica em Supervisão Escolar. Na Universidade de Caxias do Sul, graduou-se em Pedagogia. Aos 17 anos, quando aluna de Magistério, escreveu seu primeiro livro, o manuscrito “A Princesinha Marta”, originado de um pedido que sua professora de Português, Marianinha de Queiroz, fez à turma de alunas durante a aula e que fora publicado em 2007 – um dos seus títulos de referência.

Profissionalmente, exerceu as funções de professora primária e do ensino médio, fiscal de ensino e trabalhou na então 4ª Delegacia de Ensino, como supervisora e fiscal de ensino. Em 2003, Lourdes começou a publicar suas obras literárias, voltadas principalmente para o público infanto juvenil, público que demonstra amor especial, e adulto, sendo quatro destes em braile: “O coração vê além do horizonte”, “Saga do caminhante do céu”, “A luz dos anjos”, “Primavera do coração”, “Esperança”, “Um Sonho de Esperança”, “Rapa Nui, o umbigo do mundo”, “Autobiografia de Titi: o pássaro cantador”, “Uma história de amor”, “A Princesinha Marta e um sonho de criança”, “Sapolândia” e “Eureca!!!”. Possui também livros que fazem uma reflexão sobre maneiras de bem viver, como “O jogo da vida: aprendendo a jogar”, e biográficos: um, em parceria com Evandro Luiz de Oliveira, sobre seu pai, intitulada “Heitor Curra – um Cidadão Florense Vida e Obra”, lançada em 2006, e “A Saga do Guerreiro Xavante Orestes Serinhonsa Aedzane”, lançado em 2018.

Foi uma das fundadoras do Clube de Mães “Santa Mãe de Deus” do bairro Pôr do Sol, de Caxias do Sul – RS, no qual trabalhou de 1984 a 2014. Desde 2007, Lourdes ocupa a cadeira número 26 da Academia Caxiense de Letras e participa de Feiras do Livro em todo o Estado do Rio Grande do Sul; foi “Escritora Homenageada” na 30ª Feira do Livro de Caxias do Sul e “Patrona” da 37ª edição da Feira do Livro de Flores da Cunha, ambas em 2014.

Lourdes faleceu em 25/09/2021.

Família Braghirolli
BR RS AHMJSA AP-BRA · Família · [Entre 1890 e 1900] a [Meados da década de 1980]

Rodolfo Ermenegildo Secondo Braghirolli, filho de Carlos Braghirolli e Lucia Braghirolli, nasceu em San Benedetto Po, província de Mantova (Mântua), Itália em 15 de abril de 1860, sendo batizado na Igreja Paroquial de “S. Siro vescovo”, na localidade de San Siro, município de San Benedetto Po. Em 1869, ainda menino de nove anos, mas já alfabetizado com diploma de distinção, Rodolfo chegava a Caxias com seu pai Carlos Braghirolli, que aqui chegando e encontrando só mato, ele, um intelectual, enfrentou um grande desespero por não encontrar o conforto necessário nem recursos básicos para instalar sua família. O pequeno imigrante Rodolfo foi crescendo na “Freguesia de Santa Teresa” e ajudou a construir Caxias. Muito jovem, dedicou-se à profissão de alfaiate, ensinando-a a outros jovens e paralelamente os alfabetizando espontaneamente. Pelos anos de 1880, fez curso de aperfeiçoamento em alfaiataria em Turim-Itália, na Academia de Victorio Raffignone, seu professor. Foi um dos primeiros imigrantes italianos a se naturalizar brasileiro. De profissão industrialista, estabelecido com oficina de alfaiate e confecção de roupas feitas, foi premiado com Diploma de Menção Honrosa na Exposição Estadual do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, em 1901. Teve seu trabalho reconhecido no âmbito internacional, quando da sua premiação na exposição de Turim, no ano de 1911, ocasião em que exibiu seus trabalhos de corte. Foi pioneiro no ramo da alfaiataria e da construção civil nos primórdios da cidade. Em 1915, foi eleito presidente da associação denominada União Geral dos Alfaiates. Casou-se com Josefina Rosina Braghirolli em 14 de fevereiro de 1885, em Caxias (RS), na Igreja de Santa Teresa. Do matrimônio nasceram 12 filhos, sendo que os cinco primeiros (Luiza, Higinia, João, Rômulo e Dina) faleceram muito cedo; os outros são: Hygina, Sylvia, Aldo, Dyna, Lyna, Yolanda, e Branca (falecida com 14 anos de idade). Em 1887, foi um dos fundadores da então Sociedade Italiana de Mútuo Socorro Príncipe de Nápoles, mais tarde Sociedade Caxiense de Mútuo Socorro, sendo em sucessivas diretorias, vice-presidente, secretário, 1o secretário do Conselho Diretivo e conselheiro. Em 14 de setembro de 1897 foi nomeado para o cargo de 1o Suplente do Juiz Distrital da sede do município de Caxias pelo então Presidente do Estado, Júlio Prates de Castilhos, para o mandato de quatro anos. Em 1o de fevereiro de 1898, a Inspetoria Escolar da 3a Região, com sede em Montenegro, que tinha jurisdição sobre a Vila de Santa Teresa e como inspetor Lucio Brasileiro Cidade, nomeia através deste, Rodolfo Braghirolli como membro do Conselho Distrital do distrito escolar de Caxias. Em 08 de julho de 1901 participa da fundação da Associação dos Comerciantes de Caxias e na Assembleia Geral de fundação da entidade foi eleito membro do Conselho Fiscal, juntamente com Rodolfo Felix Laner e Ludovico Sartori, sendo-lhe conferido o título de Sócio Honorário nos quarenta anos da fundação, quando era presidente, Ottoni Minghelli.

Em setembro de 1906, por proposta de Arthur de Lavra Pinto, Rodolfo Braghirolli foi unanimemente aceito como sócio contribuinte do Grêmio Literário Caxiense. Rodolfo Braghirolli estava também entre os que, em 1908, fundaram a Associação “União Conductora”, que tinha por fim manter um carro fúnebre para a condução dos mortos, sem distinção de posição e nacionalidade. Em 30 de junho de 1910 lhe foi conferido o título de sócio remido da referida associação, sendo na ocasião o presidente, Miguel Muratore. Também em 1910, Rodolfo Braghirolli foi um dos oradores oficiais na inauguração da Estação Férrea, um avanço que pleiteava junto ao governo estadual desde de 1897. Fez parte do primeiro grupo de representantes do teatro amador em Caxias. Foi membro da Sociedade Filodramática, representando-a juntamente com Pedro Stangherlin, Antonio Piccoli, Angelo Manfro, Nicolau Salermo e Luiz Curtolo. Foi um dos sócios-fundadores do Clube Juvenil, tendo feito, em 1909, um empréstimo de 10 mil réis, ação assinada pelo presidente da agremiação Hermenegildo Buratto e pelo tesoureiro Victorio Rossi. Em 25 de agosto de 1927 adquire o antigo Cine Theatro Apollo e inicia sua reconstrução após o incêndio ocorrido em 28 de maio de 1927, sendo o mesmo reformado em 1952, quando passa a se denominar Cine Teatro Ópera, sob direção de Júlio Ribeiro Mendes. Foi membro do Conselho Municipal (atual Câmara de Vereadores), na época de Tancredo Feijó. Em 1954, seu nome foi um dos escolhidos pelo prefeito municipal Major Euclides Triches, para denominar uma das ruas da cidade. Rodolfo Braghirolli faleceu em Caxias (RS) a 11 de fevereiro de 1942, com 82 anos de idade. Seu atestado de óbito foi firmado pelo Dr. Luiz Faccioli, que deu como causa da sua morte, a febre urinosa.

Josefina Rosina Braghirolli, filha de Candido Rosina e Margarida Basanella Rosina, nasceu na localidade denominada Alba de Rovereto, província de Trento, do então Reino da Áustria-Hungria, mais tarde Reino da Itália, em 1o de setembro de 1867. Seu pai Candido era oficial de marceneiro e considerado na Itália um grande artista. Dona Bepa, como carinhosamente a chamavam, chegou com seus pais ao Brasil, em São Sebastião do Caí em 1o de janeiro de 1877, após ter desembarcado no Rio de Janeiro de uma viagem de quarenta dias de navio. Casou-se com Rodolfo Braghirolli em 14 de fevereiro de 1885, tendo doze filhos ao total, dos quais cinco morreram precocemente e uma ainda adolescente. Com vários filhos para cuidar, Josefina trabalhava ainda na alfaiataria ao lado do marido e prestava assistência aos clientes e amigos que vinham de Vacaria e se hospedavam num barracão aos fundos da residência da família, situada na avenida Júlio de Castilhos. Josefina Braghirolli exerceu seu direito ao voto nas eleições para presidência da República em 1945, aos 78 anos de idade e para prefeito de Caxias do Sul em 1951, com 84 anos de idade, ambas ocasiões registradas nos jornais Diário do Nordeste e O Pioneiro, respectivamente. Em 27 de agosto de 1976, Mário Gardelin enquanto Vereador pela Arena, indicou seu nome para denominação de rua (Indicação 346/76). Josefina Braghirolli faleceu em 02 de maio de 1961. Conforme certidão de óbito, as causas de sua morte foram insuficiência hepática, uremia e diabetes.

Família Bornheim
BR RS AHMJSA AP-BOR · Família · 06/05/1879 a Maio/2017

Hermann Bornheim (Bremen, Alemanha; 08/01/1882 a 23/10/1958, filho de Heinrich Engelbert Bornheim e Auguste Gädeke), operário, e sua esposa Ida Marie Minna Kruse, (Lauenburgo, Alemanha; 05/01/1880 a [indeterminado]), filha de Wilhelm Martin Eduard Kruse e Sophie Catharine Marie Frank, casados a 25/03/1905, migraram junto de seus dois filhos, Helmut Engelbert (Bremen, Alemanha; 07/10/1905 a 23/02/1980) e Agnes (23/07/1907), da cidade portuária de Bremen – Alemanha, situada ao norte do país, para o Brasil (chegada em 21/09/1921). Por um curto espaço de tempo, a família Bornheim permaneceu em Minas Gerais, onde Agnes contraiu febre amarela. Procurando um lugar melhor para se estabelecerem e sabendo que o clima ao sul do Brasil era mais semelhante ao de seu país natal, Hermann seguiu para o Rio Grande do Sul e, ao conhecer melhor as condições de moradia, trouxe o restante de sua família para radicar-se em Caxias – RS. Foi sócio proprietário da empresa Matte & Bornheim, que comercializava produtos elétricos, instalada abaixo da residência de Fioravante Zatti, à rua Júlio de Castilhos, próximo ao Banco da Província e defronte à Agência Ford da cidade. Entre 1937 e 1938, a razão social da firma foi alterada para “Eletricidade e Bazar Bornheim”, quando mudou o ramo de atuação (produtos elétricos, bazar e utilidades para o lar) e sua sede para o piso inferior da residência da família Scotti, defronte à praça Dante Alighieri, na esquina das ruas Júlio de Castilhos e Marquês do Herval. Na metade da década de 1950, a loja passou para a razão social “Gruber & Bornheim Ltda.”. Germano, como Hermann era conhecido na cidade, era, ainda, grão mestre do núcleo maçônico da cidade.

Helmut Bornheim, primogênito de Hermann e Marie, começou a trabalhar na unidade da Companhia Rio Grandense de Usinas Elétricas em Bento Gonçalves – RS em 26/07/1925, lotado no cargo de Eletricista Especializado; encaminhou pedido de exoneração em 31/10/1927 e foi readmitido em 01/02/1928. A 15/06/1953, tornou-se Diretor dos Serviços Industriais da Comissão Estadual de Energia Elétrica, na Sub-residência de Caxias do Sul – RS, designado como Encarregado dos Serviços Técnicos. Em visita à família, Helmut conheceu Amélia Cecília Brentano, amiga de sua irmã que estudava no Colégio Americano de Porto Alegre – RS. Ela estava em período de férias na cidade quando acompanhou Agnes à estação férrea para recebê-lo; foi amor à primeira vista. Cecília não chegou a formar-se pois largou os estudos para casar-se com Helmut, em 29/12/1928. Da união, nasceram seus três filhos: Gerd Alberto, Irmgard Cecília e Amália Marie Gerda Bornheim. Helmut foi um dos fundadores da SORSUL – Sociedade Representantes Comerciais do Nordeste do Rio Grande do Sul.

Agnes Bornheim era casada com Pedro Kerber, engenheiro elétrico francês radicado em Caxias – RS, com quem teve dois filhos legítimos, Pedro Paulo (nascido em Março de 1934) e Leo Carlos, e uma filha adotiva, Melita Witt. Kerber foi engenheiro chefe da usina elétrica da Companhia Rio Grandense de Usinas Elétricas instalada em Caxias, além de membro do Conselho Consultivo do núcleo caxiense da Liga de Defesa Nacional e do Conselho Fiscal do Aeroclube de Caxias do Sul. Auxiliou, ainda, na concepção dos desenhos de cachos de uvas feitos em pedras portuguesas e do novo traçado da praça Dante Alighieri, durante a administração de Dante Marcucci. Após o falecimento de Pedro Kerber, Agnes casou-se novamente com Evaldo Horbach, transferindo residência para Gramado – RS.

GERD ALBERTO BORHEIM
Gerd Alberto Bornheim, nasceu em 19/11/1929, em Caxias – RS, e faleceu em 05/09/2002, na cidade do Rio de Janeiro – RJ. Estudou no Ginásio Municipal Nossa Senhora do Carmo e, após sua formatura, decidiu que ia ingressar na Faculdade de Medicina; foi quando mudou-se para Porto Alegre – RS, em 1945. Constatando que era um curso caro, iniciou os estudos em Comércio, seguindo os passos de seus familiares. Começou a trabalhar na Sidney Ross Company e deu-se conta de que aquilo não era o que queria para sua vida e, mesmo com uma promoção irrecusável oferecida pela empresa, a Filosofia passou a ser sua aspiração. Junto ao serviço militar no CPOR – Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, iniciou seus estudos em Filosofia na PUC – Pontifícia Universidade Católica, onde formou-se em 1951; sua formação tomista proporcionou-lhe familiaridade com os clássicos e o aprendizado de latim e grego. Como bolsista do governo francês, por meio da Alliance Française, chegou a Paris em 1953, para contato com o pensamento filosófico contemporâneo. Nos cursos de Jean Hyppolite e Jean Wahl, conheceu a obra de Martin Heidegger. Conviveu com intelectuais consagrados como Merleau-Ponty, Piaget e Bachelard. No ano seguinte, transferiu-se para Oxford, na Inglaterra, para cursar Filosofia Política e Literatura Inglesa Contemporânea e, em 1955, frequentou aulas de arte e cultura gótica na Universidade de Freiburg im Breisgaus, na Alemanha. Retornou ao Brasil, em 1955, para lecionar Filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Cristo Rei, de São Leopoldo – RS, e na UFRGS – Universidade do Rio Grande do Sul, na matéria de Filosofia Alemã. Um ano depois, passa a integrar o corpo docente da PUC como professor de História da Filosofia. Publicou artigos em suplementos literários de periódicos da imprensa, produção que, por vezes, serviu de matéria-prima para seus futuros ensaios. Com a criação e efetivação do Curso de Estudos Teatrais da Faculdade de Filosofia da UFRGS, em dezembro de 1957, pelo reitor Elyseu Paglioli, é convidado junto ao diretor e teórico italiano Ruggero Jacobbi para assumir a direção e ministrar as disciplinas de Teoria e História do Teatro e Direção Teatral. Jacobbi desdobra o Curso de Estudos Teatrais em dois setores: o Curso de Cultura Teatral, destinado a professores, intelectuais, estudantes e pessoas interessadas em conhecer e analisar os problemas do teatro, e o Curso de Arte Dramática, destinado exclusivamente à formação de atores. Ruggero Jacobbi regressa a Roma, em 1960, e Gerd Bornheim assume a direção da escola até 1969, sendo responsável inicialmente pelas aulas de Teorias do Ator: estética e poética da encenação e, mais tarde, por História e Estética do Teatro.

Com a instauração do Regime Militar no Brasil, foi cassado em novembro de 1969, mas não porque tivesse algum envolvimento com organizações políticas clandestinas, mas por influenciar com suas ideias os jovens universitários que participavam da resistência à ditadura militar. Na onda de repressão que se seguiu o Golpe de 1964 e se agrava no fim de 1968 com o AI-5 – Ato Institucional Número Cinco, acabou impedido de trabalhar como professor. Passou dois anos dando aulas em um curso pré-vestibular e todos os meses era chamado para depor na Polícia Federal. Em 1972, aceitou o convite para dar aulas no Instituto de Filosofia da Universidade de Frankfurt – Alemanha, onde lecionou durante um semestre letivo. Posteriormente, vai para Paris e lá mora por quatro anos; para sobreviver, deu aulas de alemão e cuidou da organização da galeria de arte Jean Charles Lignel, no Boulevard Saint-Germain. Retornou ao Brasil em 1976 e, após três anos, a anistia lhe permitiu retomar as atividades no magistério superior. Em 1979, é convidado a lecionar Filosofia na UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, na qual permaneceu de 1979 a 1991, aposentando-se por tempo de serviço, quando começou a lecionar na UERJ – Universidade do Rio de Janeiro.

Gerd Bornheim, um dos principais filósofos brasileiros, faleceu em 05/09/2002, aos 72 anos, em sua casa no bairro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro – RJ, em consequência de um tumor no cérebro. Seu corpo foi cremado na Capela E do Cemitério São Francisco Xavier (Caju). Era solteiro e deixou um filho adotivo, Romildo, e um neto, Anderson, de três anos de idade. Considerado um dos principais filósofos brasileiros, Gerd realizou importantes trabalhos sobre teatro e reflexão estética, que se tornam referência fundamental para a apreensão e compreensão de diversos aspectos da área teatral, entre eles, o sentido do trágico, a estética brechtiana e o teatro contemporâneo. Como escritor, destacou-se pela densidade e clareza de sua análise crítica e, como conferencista, atraiu plateias numerosas por sua competência filosófica e capacidade de comunicação. Dedicou especial atenção a Bertolt Brecht e seu impacto no teatro do século XX no livro “Brecht: A Estética do Teatro”, publicado em 1992, onde analisa o estético, o social e o especificamente teatral na obra de Brecht, em uma inédita perspectiva de abordagem. Um de seus últimos livros, “Páginas de Filosofia da Arte”, publicado em 1998, reúne ensaios - que de acordo com a nota introdutória "nasceram de certa dispersão, ou da diversidade de interesses do autor" - escritos a partir de 1986 para jornais, revistas e obras coletivas. Os trabalhos relacionados ao teatro discorrem sobre variados temas: Shakespeare, teatro besteirol, teatro experimental, Gerald Thomas e Brecht.

IRMGARD CECÍLIA BORNHEIM
Irmgard Cecília Bornheim, nasceu em Caxias – RS a 22/10/1930 e faleceu em Caxias do Sul – RS a 23/07/2013. Era carinhosamente chamada de “Eme” por seus familiares e amigos. Estudou na Escola Complementar e completou o ginasial no Colégio São Carlos, formando-se em Dezembro de 1948 e na Escola de Comércio dessa mesma instituição em 09/12/1951. Teve sua vida dedicada à cultura e à educação. Antes de formar-se em História, trabalhou como professora nos colégios São José e Santa Catarina, bem como auxiliou no atendimento aos alunos do Ginásio Noturno para Trabalhadores. Formou-se professora em 1964 e foi nomeada para trabalhar em Vacaria – RS. A partir de 1965, começou a lecionar no Colégio Estadual Cristóvão de Mendoza, onde de 1969 a 1972 foi assistente de Romano Lunardi, então diretor, e do qual atuou como diretora, junto a Nilton Scotti, no ano de 1973. Foi professora da UCS – Universidade de Caxias do Sul, no departamento de Filosofia, Pedagogia e História, desde 1965.

Em 1974, foi cedida pela Secretaria Estadual de Educação para a Secretaria de Ensino como assessora do Secretário da UCS e, entre 1976 e 1985, atuou como diretora do Centro de Humanidades e Artes da UCS, órgão que congregava quatro departamentos: de Artes, Letras, História e Geografia e Filosofia, Psicologia e Sociologia. Também foi coordenadora das promoções culturais alusivas aos 10º aniversário da instituição. Junto ao cargo, ainda acumulou as atribuições de supervisão, delegada pela Coordenadoria de Extensão e Relações Universitárias como o “Atelier Livre”, Curso Fundamental de Educação Artística e o Coral. Em 1977, Irmgard foi reconhecida como “Personalidade/77 em Promoção Cultural” pela Rádio Princesa. Em 1984, recebeu a “Medalha do Mérito Universitário e, em Dezembro de 2003, recebeu a distinção acadêmica de Professora Emérita, ambas homenagens prestadas pela UCS. Em 30/04/2010, recebeu a medalha “Homenagem à Docência Acadêmica” por parte da ADUCS – Associação dos Docentes da Universidade de Caxias do Sul.
Em 11/05/2009, a Medalha Monumento Nacional ao Imigrante da Prefeitura de Caxias do Sul.

AMÁLIA MARIE GERDA BORHEIM
Amália Marie Gerda Bornheim, nascida em 25/08/1933, em Caxias – RS, e falecida em 20/09/2017, em Caxias do Sul – RS, vítima de uma infecção intestinal. Recebera o nome de “Amália” em homenagem à sua avó paterna, que era também sua madrinha, e “Marie” à sua avó materna, e era chamada somente de “Gerda” por seus amigos e familiares. Estudou na Escola Normal Duque de Caxias e ali formou-se professora, em 1952. Em 1956, iniciou o curso de Belas Artes na Escola Municipal de Belas Artes de Caxias do Sul, porém, sem concluí-lo. Posteriormente, foi nomeada para lecionar no interior como professora primária, permanecendo por mais tempo em Jaquirana, à época 5º Distrito de São Francisco de Paula – RS, e em Flores da Cunha – RS.

Por meio da Delegacia de Educação, foi convidada a fazer um curso técnico de Direção de Escolas Primárias e Supervisão Escolar, no Instituto General Flores da Cunha, em Porto Alegre – RS, como bolsista. Chegou a retornar para Caxias do Sul para assumir o cargo de Supervisora da 4ª Delegacia de Educação, porém, voltou à capital para trabalhar em sala de aula, onde morou com seu irmão, Gerd, e permaneceu por 15 anos. Em em virtude da doença de seus pais, precisou voltar à sua cidade natal para auxiliá-los; foi quando começou a trabalhar no colégio Maguary e, posteriormente, no Grupo Escolar Presidente Vargas, onde foi vice diretora (a partir de 1977) e aposentou-se.

Foi sócia e membro do conselho da Seção de Caxias do Sul da UBT – União Brasileira dos Trovadores, a partir de 1996, e sócia trovadora do Clube da Simpatia em Olhão – Portugal, a partir de 2000. Desde o primário, Gerda teve o hábito de escrever, mas nunca havia levado essa vocação a sério; com a aposentadoria, a paixão por escrever aflorou novamente em sua vida e passou criar trovas, haicai, poesias, verso livre e sonetos, publicados em periódicos de São Paulo – SP e Caxias do Sul. Suas trovas integram inúmeras publicações do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. Gerda foi premiada em diversos concursos municipais, estaduais, nacionais e internacionais no período de 1996 a 2004, além de ter recebido diversas menções honrosas e especiais, entre elas, a Láurea Lítero-Cultural Nacional Dona Iraídes Amélia do Prato, pela criação dos poemas “Borboleta I”, “Borboleta II” e “A Palavra”, por meio da Casa do Poeta Brasileiro de Goiânia – GO, em 2003.

Os irmãos Bornheim participaram ativamente na criação do Atelier de Teatro da Aliança Francesa, em 1959, idealizado por Nilton Scotti, após retornar de Porto Alegre – RS, já formado em Arquitetura, onde integrou o Teatro Universitário. O objetivo era mudar a história do teatro caxiense; os textos das peças eram encenados pela trupe formada por nomes como Rose Scotti, Ely Andreazza, Lorita Sanvitto Andreazza, Darwin Gazzana, Zilá Dankwardt de Azevedo, David e Gloria Andreazza, Corina Wainstein, Hermínio Bassanesi, Ítala Nandi, Ênio Bernardi, Nilo Andreolla, Bruno Segalla e Mauro De Blanco.

Família Argenta
BR.RS.AHMJSA.AP.ARG · Família · 1889 a atual

Vicente Argenta, filho de Giácomo Argenta e Domenica Rento, migrou para o Brasil e desembarcou em Porto Alegre em 1880, sendo o primeiro Argenta a vir da Itália, de uma família de 21 irmãos. Logo que chegou ao Brasil conseguiu emprego em uma fábrica de carroceiras [carros] de Luiz Rothfuchs, em Porto Alegre, onde trabalhou por vários anos. Após juntar algum dinheiro, Vicente mandou buscar a mãe e 3 irmãs (o pai já era falecido) e decidiu, então montar um pequeno hotel em São Sebastião do Caí.

Em 1889 chegou na Freguesia de Santa Teresa de Caxias, onde montou um café na Rua Julio de Castilhos em frente a Praça Dante Alighieri, mesmo ano em que conheceu e casou com Teresa [Theresa,Tereza ou Thereza] Bregatto (02/09/1865 a 30/06/1960), filha de Girolamo [Jerônymo ou Jerônimo] Bregatto (01/12/1830 a 04/04/1906) e Rosa Costa ([indeterminado] a [1872]). Com Teresa, Vicente teve 8 filhos: Ernesto (29/08/1890 a 24/09/1931), Eleonora (13/09/1892 a 16/07/1985), Maria (21/02/1895 a 26/05/1975), Giselda (09/05/1897 a 10/08/1996), Dosolina (16/05/1900 a 05/03/1944), Hugo (15/05/1902 a 20/04/1965), Ema Roza (1904 a 24/03/1905) e Henrique Dante (16/10/1905 a 22/11/1908).

A pedido de Teresa, que achava o ambiente ruidoso e agitado, Vicente fechou o café e abriu uma fábrica de gasosa [em 1891], conhecida como “La gasosa de Argenta”, na esquina das ruas Júlio de Castilhos e Guia Lopes (antiga rua Dr. Salgado), local que posteriormente se tornou a residência da Família Argenta. Como naquela época, havia muita dificuldade em transportar as gasosas pois as estradas eram precárias e o transporte feito por burros, Vicente resolveu vender a fábrica de gasosa para os Leonardelli. Vicente queria aproveitar a experiência adquirida na Rothfuchs e então decidiu abrir, no mesmo local, uma fábrica de carros e outros tipos de veículos denominada “Fábrica de Carros Vicente Argenta, que foi a primeira fábrica de implementos para transporte de Caxias. Trabalhou neste ramo de veículos até que seu problema nos olhos (glaucoma) permitiu.

Atuante na Sociedade Operária São José (Società Falegnami S. Giuseppe), foi eleito Presidente em 29/04/1917. Neste mesmo ano, a sociedade comemorou seu 14º aniversário com uma festividade que iniciou com um cortejo acompanhado da Banda [Santa Cecília] que saiu da sua residência, até a Igreja e após rumaram a casa do intendente Col. Penna de Moraes, para convidá-lo para um banquete que ocorreu no Hotel Pezzi. Faleceu em 20/04/1935, aos 80 anos, em Caxias do Sul, vítima de hemorragia cerebral.

NOTAS: Teresa Bregatto nasceu em Rovereto, Áustria em 02/09/1865, por parte de Girolamo [Jerônymo ou Jerônimo] e Rosa, Teresa tem um irmão chamado Giovanni [João] Battista (1867 a [indeterminado]). Seu pai Girolamo Bregatto ficou viúvo e casou-se novamente com Emilia Carotta (04/09/1839- [indeterminado]), filha de Luigi e Maria Raiserer. Com Emilia, Girolamo teve mais dois filhos, Maria [Marietta] (27/10/1873 - [indeterminado] e Giuseppe (30/09/1875 – [indeterminado]). Alguns documentos sobre a biografia de Vicente Argenta relatam a existência de 9 filhos com Teresa Argenta, informando ter havido uma filha de nome Clara, que faleceu com vinte dias. Porém neste fundo documental não existem documentos que certifiquem esta informação.

Ernesto Argenta primogênito de Vicente Argenta e Teresa Bregatto Argenta, nasceu na Vila de Santa Teresa de Caxias- RS em 29/08/1890. Solteiro e sem filhos, Ernesto estudou na Escola Rio- Grandense de Caxias entre os anos de 1902 e 1905. Em 1908 mudou-se para Porto Alegre, residindo na casa do Sr. [João] Morganti (imigrante que veio ao Brasil junto com Vicente Argenta) e estudando na Escola Rio- Grandense de Porto Alegre. Ainda em Porto Alegre, em 1909 é aprovado para aprendizagem no Instituto de Engenharia e Electro Technica e, em 1913, após três anos de curso preparatório inicia o 1º ano de Engenharia Civil. Formou-se em Engenharia Civil em Porto Alegre-RS, com o projeto de uma escola elementar mista, tornando-se o primeiro Caxiense formado em Engenharia Civil. Em 1917, desenvolveu vários projetos, entre eles: Anteprojeto do Edifício do Fórum e da Intendência de Caxias do Sul (não executados).

Em 1920, Ernesto arrematou, mediante concorrência pública, a construção de um reservatório de água potável destinado a alimentar chafarizes que ficariam instalados na praça Dante [Alighieri] e na Rua Borges de Medeiros, bem como a construção de tanques de captação em terras da Intendência e de Antonio Giuriolo. Neste mesmo ano, o Intendente de Caxias Sr. Coronel José Penna de Moraes viaja a Porto Alegre, com um projeto de Ernesto para a construção de um edifício para o Colégio Elementar [Escola Primária Elementar Mista]. No final do ano de 1921, Ernesto viaja para Aracaju, onde se torna Diretor da Escola de Aprendizes Artífices de Sergipe, permanecendo neste cargo até dezembro/1923.

Durante o período que esteve a frente da escola de Sergipe, recebeu convites para integrar Comissões como Membro Perito de Comissão de Avaliação de Danos Causados em Consequência da Revolta Militar e Membro de Comissão para Construção de uma Penitenciária Modelo em Sergipe. Pelo belo desempenho a frente da Escola de Sergipe, Ernesto é convidado, em 1926, a ser Diretor da Escola de Artífices do Ceará, ficando encarregado de remodelar o Ensino Profissional Técnico desta escola e ainda prestar consultoria para remodelar e reformar as Escolas do Maranhão, Recife e a de Sergipe.

[Em 1927] começou a trabalhar como Engenheiro da Secretaria de Obras Públicas do Estado do Rio Grande do Sul, onde projetou alguns prédios como: Fórum de Bagé e o Quartel de Recrutas – Chácara das Bananeiras em Porto Alegre, [Diretoria de Obras Públicas do Estado] (DomO.P.E). Entre os anos de 1929 e 1930, Ernesto projetou a residência da Família Argenta, prédio em alvenaria com área edificada de 107 m² localizado na esquina das ruas Avenida Julio de Castilhos e Guia Lopes (antiga Dr. Salgado), em Caxias. A construção ficou a cargo de Luiz Bortola. No ano seguinte, em 1931, Ernesto é diagnosticado pelos Drs. Anne Dias e [Luiz] Faccioli com um caso grave de poliserosite tuberculose. Faleceu em 24/09/1931, aos 41 anos, em Porto Alegre, sendo nesta cidade enterrado. Anos mais tarde, em 1934, foi autorizado o translado de seus restos mortais para Caxias.

NOTAS: Por volta de 1910, Ernesto Argenta aproveitou o tempo livre das férias para confeccionar um porta-jóias para sua mãe, Teresa Argenta. O baú de madeira, por sua vez, se tornou um oratório, ostentando imagens de santos e um crucifixo sobre a cômoda de um quarto. E assim ficou por muito tempo, até que dona Teresa faleceu e o objeto foi herdado pela filha Giselda, que trocou as imagens de devoção por cartas e fotografias de família. Anos depois, foi a vez do neto Alexandre tomar posse do baú, ainda decorado por um tecido com flores nas cores vinho e branco, com fundo azulado. Foi então que as fotos deram lugar a imagens budistas. Pelo menos até 2008, quando a centenária caixa entalhada por Ernesto Argenta ganhou novo endereço: o setor de reserva técnica da Divisão de Museus de Caxias do Sul.

Hugo Torquato Argenta, sexto filho de Vicente Argenta e Teresa Bregatto Argenta, nasceu na Vila de Santa Teresa de Caxias – RS em 15/05/1902. Iniciou seus estudos preliminares no Colégio do Carmo em Caxias, posteriormente estudou no Instituto São José em Canoas, mas logo retornou à Caxias. Ao completar 18 anos, foi incluído como reservista na Sociedade de Tiro nº 248 de Caxias, sendo atirador de 2ª classe.

No início de sua vida profissional, trabalhou como bancário na filial caxiense do Banco Pelotense. Porém, logo em seguida foi convidado para trabalhar na Funilaria Eberle, sendo admitido em 1º de maio de 1923. Inicialmente passou a exercer a função de correspondente e auxiliar direto do Sr. Abramo Eberle que o chamava de “seu bom secretário”. Em 1943 tornou-se sócio, exercendo o cargo de Sub-Diretor Gerente, ano em que a empresa passou a denominar-se Metalúrgica Abramo Eberle Ltda. Mais tarde em 1947, quando a empresa constituiu-se em Metalúrgica Abramos Eberle S.A (Maesa), passou a ser Diretor Gerente. Finalmente em 1953, após o falecimento de José Abramo Venzon Eberle, assumiu o cargo de Diretor Vice-Presidente da Maesa. Quanto ao engajamento social e cultural, Hugo sempre demonstrou grande envolvimento e participação nas entidades da cidade, entre os cargos exercidos foi Diretor de Cultura do Grêmio Atlético Eberle, Presidente da Cooperativa dos Empregados da Metalúrgica Eberle, integrou por vários anos a Associação dos Comerciantes de Caxias e a Associação dos Empregados no Comércio, onde dividiu o cargo de vice- presidente com Angelo Costamilan e, por muitos anos esteve na Diretoria do Recreio da Juventude desde a sua associação, em 1918. Hugo também era acionista da empresa E. Mosele S.A Estabelecimentos Vinícolas, Indústrias e Comércio e membro do Conselho Fiscal.

Casou-se com Isaura Travi em 01/09/1938 tendo com ela uma filha de nome Vera Maria Argenta (11/08/1951 a indeterminado). Vera casou-se com Ricardo Dreher em 20/12/1967. Faleceu em 20/04/1965, aos 62 anos, em Caxias do Sul. A Lei nº 1970 de 25/10/1971, denominou logradouro da cidade com o nome de rua Hugo Torquato Argenta, localizada no bairro Nossa Senhora de Fátima, em Caxias do Sul – RS.

NOTAS: Em 1945 intermediou como procurador no contrato de compra e venda do prédio conhecido, na época, como antigo Hospital Carbone, hoje sede do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami. O negócio de compra e venda do prédio se desenvolveu nas seguintes etapas: Em 14/03/1945, o proprietário Romulo Carbone e sua esposa, Luccia, assinaram uma promessa de compra e venda do prédio com Dino F. Cia. Em 20/07/1945 foi assinada a escritura de compra e venda do prédio e o adquirente Dino F. Cia fez uma cessão e transferência de direitos, fracionando o imóvel em três partes, ficando 1/3 em sua propriedade, 1/3 para Julio João Eberle e 1/3 para Oscar Martini. Em 12/08/1946, Dino F. Cia e sua esposa, Noemia Minghelli Cia, venderam a sua terça parte para os já sócios-proprietários, Júlio João Eberle e Oscar Martini. Em 21/06/1951, os partidos políticos com representação em Caxias realizaram uma reunião para discutir um possível acordo na escolha de candidato único à sucessão municipal de Luciano Corsetti. Num total de 19 nomes, apenas 3 foram para o exame final: Hugo Argenta, Armando Luiz Antunes e Hermes Webber. Entretanto, nesta reunião, o PTB não concordou com nenhum destes 3 nomes, ficando a decisão definitiva para uma nova reunião. Em 28/06/1951, uma nova reunião foi realizada e em pronunciamento o PTB, então presidido por Guerino Zugno, foi definitivamente contrário à candidatura única. O PTB indicou para prefeito João José Conte e para vice-prefeito Antônio Pinho e os demais partidos acabaram se coligando e indicando para prefeito Major Eng. Euclides Triches e para vice-prefeito Hermes J. Webber, que foram eleitos. Um ofício datado de 20/09/1970 e assinado pelo Sr. Presidente Julio Costamilan, oriundo do Vereador José Régis Prestes, solicitou ao Jornal Pioneiro a indicação de nomes de personalidades para a denominação de ruas de Caxias. Entre estas denominações estava: “Hugo Torquato Argenta, industrialista, alto dirigente industrial de Caxias do Sul.” O processo de indicação consta como inexistente na Câmara de Vereadores, supondo-se que tenha sido perdido no incêndio que ocorreu em 1992.

Fabíola Erhart
Pessoa · n.12/09/1972

Fabíola Erhart nasceu no dia doze de setembro de 1972, em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul (Brasil), filha de Flávio Felisberto Erhart e Elen Erhart. Técnica em Enfermagem há mais de trinta anos, contraiu a covid 19 de forma grave, ficando hospitalizada por oitenta e sete dias no Hospital Municipal de Novo Hamburgo, quando trabalhava em um hospital em Estância velha. Atualmente leva uma vida praticamente normal e trabalha na Viva Emergências Médicas, no setor da farmácia. Fonte: informações obtidas na entrevista e em pesquisa realizada pela Unidade.

Fa
Euclides Triches
BR.RS.AHMJSA.AP.EUC · Pessoa · 23/04/1919 a 11/02/1994

Euclides Triches nasceu em Caxias do Sul – RS, mais precisamente na região da 9ª Légua (bairro Santa Catarina), no dia 23/04/1919, e era filho de João Triches, oriundo de Santa Giustina, província de Belluno – Itália, e de Adélia Bracaggioli Triches. João e Adélia tiveram cinco filhos: Gino, Euclides, Clélia, Olga e Hilda. Cursou o primário no Colégio Nossa Senhora do Carmo, de sua cidade natal, e no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Bom Princípio, localidade que na época pertencia ao município de São Sebastião do Caí – RS. Após concluir o ginásio no Colégio Nossa Senhora do Carmo, em 1936, transferiu-se para o Rio de Janeiro – RJ, então Distrito Federal, onde frequentou o “Curso Freycinet”, onde formou-se em Matemática Superior, e o curso preparatório para a carreira militar no ano seguinte.
Sentou praça em abril de 1938 ao ingressar na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, sendo declarado aspirante-a-oficial da arma de Engenharia em dezembro de 1940. Promovido a segundo-tenente em agosto de 1941, foi transferido ainda nesse ano para o 3º Batalhão Rodoviário, sediado em Lagoa Vermelha – RS, onde participou da construção da rodovia Vacaria/Lagoa Vermelha/Passo Fundo até 1943. Nesse ínterim, foi promovido a primeiro-tenente em outubro de 1942. Em 1944, serviu no 1º Batalhão Ferroviário, com sede em Bento Gonçalves – RS, tendo participado das obras de construção da ferrovia ligando essa cidade a Rio Negro – PR. Nesse mesmo ano, foi lotado no Arsenal de Guerra General Câmara, no Rio Grande do Sul, alcançando o posto de capitão em maio de 1945. Diplomado em engenharia metalúrgica pela Escola Técnica do Exército em 1948, passou no ano seguinte a atuar no Departamento de Fundição de Metais da Fábrica de Juiz de Fora – MG.
Depois de se reformar como major em 1951, iniciou vida política ao se eleger prefeito de Caxias do Sul (31/12/1951 a 31/01/1954) na legenda da coligação formada pelos partidos: Partido Social Democrático (PSD), Partido Libertador (PL), União Democrática Nacional (UDN) e Partido de Representação Popular (PRP), com os slogans “Água para a cidade, estradas para a Colônia” e “Colônia rica, cidade milionária”. No ano seguinte, foi convidado pelo governador Ildo Meneghetti para ocupar a Secretaria de Obras Públicas do Estado do Rio Grande do Sul, renunciando ao cargo de prefeito. Ainda em 1955, licenciado da Secretaria, concorreu à prefeitura de Porto Alegre na legenda da Frente Democrática, coligação que reunia a UDN e o PSD, representando o situacionismo estadual. Foi, contudo, derrotado por Leonel Brizola, candidato do PTB – Partido Trabalhista Brasileiro. Durante sua gestão como Secretário de Obras Públicas do RS, foi concluída a construção do sistema de pontes sobre o rio Guaíba.
Em 1959, depois de encerrado o governo Meneghetti, foi designado para integrar uma comissão técnica no EMFA – Estado-Maior das Forças Armadas, na qual permaneceu até o ano seguinte. Em 1961, foi indicado pelo CNPq – Conselho Nacional de Pesquisas para fazer um estágio de aperfeiçoamento em estabelecimentos industriais de vários países da Europa por um período de um ano. De volta ao país, elegeu-se como Deputado Federal pelo Rio Grande do Sul no pleito de outubro de 1962, na legenda da Ação Democrática Popular, integrada pelo PL, o PRP, a UDN e o PDC – Partido Democrata Cristão; foi empossado em fevereiro de 1963 (02/02/1963 a 01/02/1971). Em abril do mesmo ano, tornou-se vice-líder do PDC, ocupando a partir de maio de 1964 (após o movimento político-militar de 31/06/1964, que derrubou o presidente João Goulart) a liderança de seu partido na Câmara dos Deputados.
Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2, de 27/10/1965, e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se em dezembro de 1965 à ARENA – Aliança Renovadora Nacional, partido governista. Em maio do ano seguinte, tornou-se vice-líder da Arena na Câmara, reelegendo-se nessa legenda no pleito de novembro de 1966. Durante seus mandatos, Triches integrou as comissões de Orçamento, de Segurança Nacional e de Minas e Energia da Câmara, tendo sido, no segundo, vice-líder da Arena e do governo. Membro do PSD, fez parte do movimento de partidos de direita (junto com a UDN e o Partido Libertador) para a formação da conservadora ARENA, sustentação civil do regime militar iniciado com em 1º de abril de 1964.
Indicado por Brasília, foi eleito governador do Rio Grande do Sul com respaldo parcial da Assembleia Legislativa Estadual em novembro de 1970, já no governo do General Emílio Garrastazu Médici. Assumiu o cargo em março do ano seguinte, dois meses depois de encerrar seu mandato na Câmara, em substituição a Valter Peracchi Barcelos (15/03/1971 a 14/03/1975). Em sua administração, tomou iniciativas nos setores da educação – cedeu parte da área da Estação Experimental de Viticultura e Enologia da Caxias do Sul para a construção da Universidade de Caxias do Sul –, pecuária, agricultura, indústria, transportes – foi dele a proposição da construção da Rota do Sol –, comunicações e energia. Quando deixou o governo gaúcho, foi substituído por Sinval Guazelli, também arenista e igualmente eleito pela Assembleia Legislativa Estadual. Após seu mandato como governador, seria indicado para a presidência da Amazônia Mineração S/A.
Em 1951, foi eleito Presidente Honorário do Aeroclube de Caxias do Sul. Em 18/10/1974, lhe foi concedido o título de “Cidadão Sul-Lourenciano” pela Câmara Municipal de São Lourenço do Sul – RS.
Durante a inauguração da nova sede da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, em 22/011/1996, o largo que faz a integração entre o Centro Administrativo Municipal e a Câmara de Vereadores de Caxias do Sul foi oficialmente denomidado “Centro Cívico Euclides Triches”. No local, foi instalada uma herma com a imagem de Triches, de autoria do escultor caxiense Bruno Segalla.
Era casado com Neda Mary Eulália Ungaretti Triches, com quem teve um filho, André Ungaretti Triches [1962]. Faleceu no dia 11/02/1994, aos 74 anos, vítima de problemas cardiovasculares, no Instituto de Cardiologia de Porto Alegre. Foi velado no Palácio Piratini e sepultado no Cemitério Público Municipal de sua cidade natal.